Fabio Santos de Moraes, candidato à presidência da APEOESP, pela CHAPA 1 APEOESP UNIDA

Eu estou muito feliz! 

Quero agradecer cada um e cada uma. Agradecer as pessoas que ajudaram construir esse momento. Não é um momento fácil. Porque quando a gente junta uma Chapa só não é porque a coisa está fácil. É porque a coisa está difícil. Se tivesse fácil a gente ia expor as nossas diferenças com as outras Chapas. 

A gente vive um momento de resistência, então, eu fiquei muito orgulhoso. E, não foi fácil chegar onde nós chegamos, quem acompanhou sabe disso. Eu estou abrindo um processo de transição na APEOESP -, é uma transição muito responsável, a Bebel ficou duas décadas e, ela está na Chapa e é importante que ela esteja, foi um nome que nós construímos. 

Eu acho que a  Bebel vai ser uma governadora do Estado de São Paulo, uma mulher, ela acumulou bastante, ela é uma guerreira -, essa última vitória que nós tivemos no confisco dos aposentados não foi qualquer coisa. Aí, ela vai ter mais possibilidades de caminhar pra que a gente tenha novos representantes, novas lideranças nacionais. Por que é muito difícil criar uma liderança. Gente, o Lula voltou porque se o Lula não voltasse não tinha outra liderança forte pra disputar a eleição – nós precisamos de novas lideranças. 

Na APEOESP nós dialogamos bastante e chegamos a três nomes pra presidência, eu, o Leandro de Catanduva e o Guido de São Paulo – não foi simples a escolha. Todos com o espírito de colaborar. Eu falei, a gente precisa fazer um desenho que seja o mais próximo desta realidade. Quem fosse o escolhido teria o meu apoio, porque a Chapa já estava montada. Já tinha a parcela que era nossa que são cento e vinte pessoas, das quais eu tenho honra e orgulho e, do Joselei também estar compondo, representando Limeira. 

Sabia do tamanho da responsabilidade e disse para a Bebel: eu sou o operário desse processo. Eu participo de decisões coletivas e vamos ter todas as nossas instâncias funcionando plenamente, todo mundo vai ter que trabalhar bastante. E, vocês não me verão disputando mais espaço do que eu preciso, porque eu quero que o coletivo seja o protagonista de todo o processo. Vou intervir como presidente na hora que tiver que intervir como presidente e vou como disse o José Dirceu: “brigar lá no Planalto e lá na planície”. Vocês vão me ver fazendo muitas articulações para que esse projeto dê certo. 

E, eu estou muito esperançoso por que nós precisamos avançar uma pauta imensa. Eu disse, as pessoas podem não votar na gente que não seja porque a gente não tem o melhor projeto – quando eu aceitei, eu sabia que nós estávamos com as melhores pessoas e com o melhor projeto. E continuo acreditando nisso. E tenho muita satisfação porque, gente, nós estamos falando do maior instrumento de luta da América Latina. Nós estamos presentes nos 645 municípios do Estado de São Paulo, com representantes das nossas escolas. Nós estamos atuando em todos os espaços, são 950 conselheiros. 

O maior patrimônio da APEOESP, como disse a Nice do Sindsel “não é o nosso prédio, que fica aqui ou ali, que a gente paga aluguel ou que é próprio”, o nosso patrimônio são as pessoas. Nós temos aproximadamente 10 mil representantes de escolas, dá pra encher um estádio – só o Palmeiras põe mais gente (num estádio). São 10 mil pessoas envolvidas num projeto, isso é muito, muito bacana. 

Nós surgimos como uma associação. Essa associação era muito vinculada aos governos até o início da década de 80, se chamava APESDOESP. Depois que juntou um grupo com a efervescência do sindicalismo brasileiro com a CUT, que o Wilson tão bem disse aqui, com o nosso presidente e, os Sindicatos dos Metalúrgicos fazendo as greves. E aí, nós tivemos uma assembleia e o grupo ligado às forças democráticas que existia e que florescia daquele movimento sindical tomaram a APEOESP numa eleição. 

Daí nós passamos a ter a nossa primeira presidenta no período democrático, ela fez um mandato rápido. Depois nós tivemos a eleição do Gumercindo Milhomen que se tornou deputado federal, não foi reeleito. Porque nós somos uma categoria grande, mas quando a gente olha e fala assim: tem bancada da Educação no Congresso Nacional? Tem. Quando você vai ver, a bancada da Educação, a maioria são donos de escola, não é da classe trabalhadora. Gumercindo foi eleito e não foi reeleito. 

O Gumercindo deixou um legado que foi o Fundeb e que depois do Fundeb se tornou com o Lula o piso salarial profissional nacional dentro do Fundeb. E hoje, eu Fábio de Moraes, com 30 anos de magistério recebo uma complementação porque teve um presidente da APEOESP que foi eleito, o Gumercindo e, que construiu toda essa história. Então, tudo o que nós temos é parte daquela história. A gente fala que é pedagógico, todas as conquistas que nós temos está ligado com uma paralisação ou uma greve, não tem nada de graça pra gente. Nada. Nada. 

Um dia eu estava conversando com um professor, ele me falou assim: “por que a APEOESP…” Eu falei, professor, você é o que? “Eu sou categoria ‘F’. Estável”. Eu falei, professor, você sabia que em 2007 nós fizemos uma grande manifestação na avenida Paulista, porque todos os professores que eram chamados, admitidos em caráter temporário iam perder todos os direitos? Todos. E nós fizemos a manifestação. 

O Carlos Ramiro de Castro que era presidente da APEOESP ia deflagrar a greve, eu era o secretário geral. O secretário da Educação ligou no caminhão da APEOESP e disse: “o Governador está mandando um projeto agora pra dar estabilidade – que era um pedido nosso -, para os 85 mil professores que iam deixar de ser admitidos em caráter temporário. E aí, então, nós conquistamos a estabilidade do professor categoria ‘F’ para mais de 80 mil pessoas. Eu falei, você pode falar, pode não ser sócio mas, você é estável por causa da gente. Então, respeita. 

Eu falei pra ele: e você sabia que naquele dia, pela primeira vez na história nossa, o multado não foi o Sindicato? O multado foi o presidente da APEOESP. O Carlos Ramiro foi multado em 3 milhões de reais quando um professor ganhava 2 mil reais. Pasme vocês como é a Justiça brasileira que não é nem cega, nem muda, nem surda. O Carlão faleceu depois de deixar a presidência e a família teve problema pra receber a pensão por que ele já não recebia salário, foi bloqueado. O Carlão tinha um apartamento pequeno – a família tem até hoje – que ele comprou como cota da Bancoop que era uma Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo que  construía prédios e casas. E ele morreu com uma dívida de três milhões por lutar por uma categoria tão importante com esta. Eu falei: professor, quando você for falar, você busca saber do que está falando porque você teve lucro com isso e você não investiu. 

Muitas coisas na nossa história a gente vai ter que contar para as pessoas, principalmente para aquelas que estão chegando, que acha que o que tem foi o governo que deu. E o governo nunca deu nada. Tudo (o que temos) foi resultado da nossa luta. 

O que eu posso dizer pra vocês é assim, nós vamos continuar a nossa luta na APEOESP. Que bom que a gente tem isso daqui gente (aponta para a plateia), que é ter gente. Por que na luta também tem muita solidão, tem muita dor. É assim, a gente sempre fala, quando a gente começa uma greve, sabe como começa mas nunca sabe como termina. 

Eu me lembro que fizemos a nossa última, uma greve nossa de 92 dias e nós saímos da greve sem conseguir a pauta que estava colocada. E a Folha de São Paulo, ela colocou: “acabou! Todo mundo batendo palmas”. Todas as forças políticas subiram no caminhão e falaram: “nós fizemos tudo o que foi possível”. Mas depois de 90 dias o que tem que prevalecer também é a nossa existência. Não é só a resistência. Porque o governo tinha cortado o salário e estávamos há três meses sem salário. Então, depois que a gente terminou aquela greve de cabeça erguida, a Folha mostrou o funcionário da APEOESP murchando o balão e escreveu: “Acabou”. Mas eles estavam errado, ali era só o começo do desgaste que a gente ia continuar fazendo. Foi uma greve que a gente saiu com um resultado imenso, político, que todo mundo reconhece. 

E nós já fizemos uma greve que de treze pontos (na pauta) nós conseguimos doze e o pessoal queria pôr fogo no caminhão porque faltava um ponto. Lembram disso? Eu estava dentro do caminhão, era uma carreta, a maior carreta de som chamado Demolidor. A gente estava dentro do Demolidor porque voava pau, garrafas, coquetel molotov, e nós descemos porque não tinha mais condições de ficar. E o povo virando o caminhão. A hora que nós descemos foi uma loucura. E lá na frente o pessoal entendeu o tamanho daquela vitória. 

Na greve de 92 dias cortaram o nosso salário, nós conseguimos com uma ação no Supremo Tribunal Federal o pagamento dos 92 dias. O governo resistiu, não quiz pagar porque a gente ia no Tribunal de Justiça. O Governador foi lá no Superior Tribunal de Justiça – eu não vou falar o nome do governador pra não queimá-lo hoje – ele foi lá no STJ, o Alckmin e, derrubou a nossa liminar coletiva no TJ. E a gente, na alegria já tinha soltado uns três cheques. 

Daí a Bebel foi no STF – teve um canal – foi o Marinho que trabalhou esse canal a pedido do Lula e o Lewandovsky recebeu a Bebel e o nosso departamento jurídico e ele ainda falou assim: “se eu derrubar essa liminar do TJ e vocês voltarem nessa greve?”. Nós não tínhamos mais condições depois de 92 dias. Viemos embora.

No dia seguinte saiu a publicação dando 24 horas para o Estado de São Paulo fazer o pagamento dos 92 dias de todos os grevistas do Estado. O Palácio recusou. O Tribunal de Justiça de São Paulo nomeou um interventor pra fazer o pagamento, o governador mandou fazer o pagamento e os nossos cheques nem voltou, não deu tempo. 

Então gente, nós temos histórias grandes que todos nós construímos juntos, que todos nós escrevemos juntos, sempre foi com parcerias. Aqui em Limeira nunca estivemos sozinhos, nunca, nunca, nunca. Sempre com o nosso partido PT , está aqui o Wilson, com os nossos Sindicatos parceiros, os Bancários, o Sindsel,AFUSE, Sindicato dos Metalúrgicos está aqui, mais outros que não estão aqui hoje. 

Os mandatos que tivemos, já elegemos quatro vereadores: a Erika, o Cerqueira, nosso querido finado Aluísio e o Ronei. Hoje, nós temos o mandato da Isabelly que muito nos honra lá na Câmara Municipal. E como ela diz: “a nossa luta vai ser para voltar a termos os quatro”. A gente sabe que quem sai daqui, sai com o compromisso conosco. São muito sonhos, muitas vontades, muito querer. Não vai ser fácil mas, tem marcas que a pessoa passa e que tem que deixar. Tem marcas que eu quero deixar. Vou deixar junto com vocês. 

Eu queria agradecer a minha coordenadora Erika. Agradecer do fundo do coração a minha família, de Osvaldo Cruz (SP), mas eu sinto que eles estão aqui junto comigo, eu sou muito família, todos sabem disso. Minha mãe, Alaide, é a minha energia e ela tem um mérito. Naquela época, ela falou assim: “os três filhos tem que ter faculdade”, pra ela isso era importante. Da parte da família da minha mãe, os três filhos que primeiro fizeram faculdade fomos nós três. E, fizemos do jeito que brasileiro fazia, a escola pública e depois a faculdade privada, onde podemos pagar. E lá eu decidi ser professor. E não foi por falta de condição financeira – obviamente a gente não tinha. Na faculdade tinha outros cursos que eu podia pagar, eu pegava cem por cento do meu salário e pagava cem por cento. Mas eu sempre quiz ser professor. Quando eu comecei o Ensino Médio, tinha um professor de Biologia que se chamava Antônio, da APEOESP, tinha sido perseguido na Ditadura Militar e ele era a minha referência. Como eu espero ter sido referência para tantos outros. Quando eu vejo um estudante que eu dei aula, um aluno como o Mateus que está ali, eu fico emocionado de saber que um aluno meu se tornou professor, um excelente professor como o Mateus, assim como tantos outros. Eu tive um professor referência. Escolhi ser professor, gosto de ser professor. Hoje, eu estou afastado por conta dessa demanda, mas o meu espírito é a sala de aula. E, a APEOESP vai continuar a parceria que ela tem com o movimento estudantil e eu espero profundamente contar com todos vocês, sei que posso. 

Quero dizer que o Joselei vai estar aqui representando nossa diretoria. Nós vamos eleger nossa futura coordenação depois da eleição. Vocês sabem que depois da eleição eu vou ter que ficar cuidando mais da questão estadual. Pra eu ser justo, são 94 subsedes e, a gente tem que tratar as 94 iguais. Eu vou dizer outra coisa aqui, daqui três anos não for assim, é porque eu mudei de ideia. Eu disse isso para as pessoas que concorreram comigo, a minha intenção é fazer um mandato. Eu acho que eu dei a minha colaboração para a APEOESP e eu defendo que tenha renovação lá. Até para outros da APEOESP terem essa oportunidade. E como tinha mais dois querendo, claro que não fiei nenhum bigode. Mas eu disse que a intenção é fazer um mandato de presidente e depois procurar outras tarefas e continuar ajudando onde for preciso. 

Eu quero desejar a todos um almoço maravilhoso, que nós fizemos com carinho. Eu quero agradecer mais três pessoas, porque todos estão aqui de coração e, essas três tem uma ligação funcional com a APEOESP que é a minha querida Patrícia, a Lauren, a Clélia, que fazem uma colaboração maravilhosa. 

Quero uma salva de palmas pra Limeira, Cordeirópolis, e Iracemápolis. 

Nós sempre lutamos pra ter controle social e hoje nós temos aqui quatro representantes de conselhos, três presidentes, uma conselheira tutelar. Quero fazer uma menção muito especial ao Eduardo, presidente do Conselho da Alimentação Escolar (CAE). A Patrícia Bagnolo presidente do Fundeb, a Euci presidente do Conselho Municipal de Educação, a Denise que é conselheira tutelar. 

Do fundo do meu coração, gratidão. Obrigado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *