A 9ª edição do Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas (ENEI) foi realizada na Unicamp, em Campinas (SP), entre 26 a 29 de julho, sendo a primeira vez que o ENEI acontece em uma universidade estadual. O tema “ancestralidade e contemporaneidade: tecendo histórias a partir das eístemologias, cosmologias, ontologias e vivências dos povos indígenas”, foi o delineador das palestras, bate-papos, workshops e manifestações culturais que aconteceram durante a semana de encontro. O evento contou com um participante de peso, o DJ Alok. Ele está realizando um projeto, que une álbum e documentário gravado quase que totalmente em Nova Lima (MG), com nome provisório “O futuro é ancestral”, em fase final de produção. As imagens captadas durante o ENEI devem ser inseridas no filme.

No dia anterior a participação de DJ Alok, o Jornal Pires Rural esteve presente no debate “Literatura indígena, as vozes na ancestralidade”, com participação do escritor Luciano Ariabo Kezo e Julie Dorrico escritora e pesquisadora sobre literatura indígena, a conversa teve mediação de Jaime Diakara Dessana, antropólogo e escritor de literatura indígena. 

Jaime se apresentou, “eu sou Jaime, antropólogo, Dessana, escritor de literatura indígena. Esse encontro nacional de estudantes indígenas traz um tema importante para viajar nos conceitos teóricos literário, a partir da ancestralidade. O que seria literatura, ancestralidade, a partir da contemporaneidade? A literatura indígena tem na dialética voz e corpo. Essa escrita já traz uma poética milenar, indica uma autoria individual ou coletiva, traz consigo a marca de uma ancestralidade. Inclui a natureza, que fala pelo som do vento, pelo som da água, pelo som do fogo. Isso que nós chamamos materiais espirituais que se comunica através da vida e da poesia. Como as cores do arco-íris, a poética literária indígena vai além das estrelas, vai além do sol, vai além do universo. Isso que chamamos de cosmologia literária indígena contemporânea. O que nós entendemos sobre antropologia na ancestralidade, vamos ouvir com dois personagens importante, que o evento trouxe para compartilhar. A minha questão para eles, quero que falem para vocês sobre literatura a partir do conhecimento do povo Macuxi e de cada povo que lhe pertence. O que é literatura a partir da contemporaneidade? Como eles entendem a literatura de ancestralidade a partir dos conhecimentos dos povos Macuxi e do Balatiponé”, descreveu.

A primeira a falar foi Julie Dorrico, doutora em Teoria da Literatura pela PUC-RS e mestre em Estudos Literários pela UNIR-RO, escritora, pesquisadora sobre literatura indígena, poeta e palestrante. Autora de “Eu sou macuxi e outras histórias”, publicado pela Caos e Letras em 2019. Administradora do perfil @leiamulheresindigenas no Instagram e idealizadora do canal “Literatura indígena contemporânea” no YouTube. Venceu em primeiro lugar o concurso FNLIJ/Tamoios de novos escritores indígenas, em 2019. Curadora da primeira “Mostra de Literatura Indígena: Território de palavras ancestrais”, realizado em parceria com o Museu do Índio/Universidade Federal de Uberlândia, em dezembro de 2021. Pertence ao povo Macuxi, Guajará-Mirim, em Rondônia.

Julie Dorrico, escritora e doutora em Teoria da Literatura pela PUC-RS

Makunaimã

Julie Dorrico, saudou, “boa tarde parente!” (tratamento comum entre os estudantes indígenas). “Vou dar uma volta aqui para ver o rosto de vocês mas também, para que vocês vejam o meu, por quê? Porque os rostos dos indígenas não são conhecidos no Brasil. A gente não lê livro indígena, a gente não pesquisa livro indígena na academia. Por que a gente lê só os cânones literários e por que a gente não lê um livro de um autor indígena? Então, eu quero muito ver vocês, para que vocês me vejam, para que vocês vejam o Ariabo, o Jaime e nos conheça para que a gente possa se reconhecer. Ancestralidade e contemporaneidade é nosso dilema, por quê? Tem uma poeta que diz assim: um jeito americano de apagar rastros indígenas é dizer que não existiu indígena nesse lugar que escolhemos. Os brancos dizem que descobrem mas não, eles invadem, eles enfrentam. Depois eles criam instituições para poder reconhecer esses indígenas. Não é isso que a gente aprende hoje, para poder entrar na Universidade? A gente entra pela política de cotas para indígenas. Mas os indígenas, eles passam a reconhecer depois. Estamos aqui na Universidade, por meio dessas políticas de cotas tentando se afirmar como indígenas. Estamos aqui, só que a nossa história não está, nossa memória não está, nosso jeito de aprender literatura não está. Aí, a ancestralidade e contemporaneidade a gente absorveu a estratégia dominante, a ferramenta de construção de imaginários para poder estar aqui também. A ancestralidade está nos livros, a literatura indígena não é de agora, existe há trinta anos, são cerca de sessenta autores indígenas, são muitos povos que já tem livros e, muito desses livros são totalmente ignorados pelas instituições. Veja; Jaime é (do povo) Dessana, Ariabo é (do povo) Balatiponé, eu, Julie, sou Macuxi.

Já falei que o livro é essa ferramenta de afirmação de um povo, afirmação de nome de povo, de memória que a gente traz. Quando eu publiquei meu livro, eu queria falar um pouco da nossa ancestralidade por meio do livro. Queria que as pessoas escutassem. Davi Kopenawa tem uma frase incrível; ‘os brancos só escutam pelo livro, a pele de papel’. Dessa forma temos sido escutados. Aí, respondendo a pergunta do Jaime, uma forma de trazer para a literatura a nossa ancestralidade, vocês já ouviram falar do Macunaíma? O que é Macunaíma? É o famoso personagem, o herói sem caráter de Mario de Andrade. Uma obra icônica que fez parte do Modernismo, que ainda hoje é relembrado. Mas, a maioria das pessoas não sabem que Macunaíma, como nós falamos em nossa cultura Makunaimã, é uma entidade de nosso povo, é um deus, é um dos filhos do sol, faz parte da nossa história e memória. E, quando a gente traz ele para literatura a gente reivindica esse outro lugar, que não é o lugar de um herói sem nenhum caráter, é o lugar de um povo. Jaider Esbell (artista e escritor Macuxi) diz “o Makunaimã não é uma miragem, ele é o meu avô e, isso não é uma metáfora”. Dizer isso é um princípio de ancestralidade que trazemos para a literatura, é o mesmo que dizer; nós temos filiações reais com a floresta. Quando dizemos que somos natureza, não estamos falando uma frase bonita, não estamos criando uma metáfora, estamos afirmando que nossos avós, nossos pais, nossos antepassados sempre nos disseram. Esse é um dos princípios da literatura indígena que eu trago quando publico esse livro reivindicando então, Makunaimã como meu avô, como alguém sendo parte da nossa cultura. Isso é uma forma de fazer o povo Macuxi ser reconhecido. Somos 305 povos no Brasil, falante de 274 línguas, nem nós indígenas conhecemos todos os outros povos e estar aqui no ENEI é uma forma da gente se conhecer, da gente se aproximar e se abraçar também. Aí, o livro faz isso, faz com que a gente se reconheça e seja reconhecido também”, afirmou.

Julie Dorrico, o antropólogo Jaime Dessana e Ariabo Kezo

Literatura é memorial

Jaime retoma a palavra dizendo, “literatura é memorial. Também outro Macuxi, que perdemos na pandemia foi Eli Macuxi, um motivador que me indicou para mergulhar na literatura me apresentando Daniel Munduruku, pai da literatura indígena do estado brasileiro do Pará”, comentou e na sequência passou a fala para o escritor e artista plástico Luciano Ariabo Kezo.

Ariabo Kezo é licenciado em letras portuguesa e espanhol pela Universidade Federal de São Carlos (UFScar). Mestrando do programa de pós-graduação linguística pela UFScar. Um dos primeiros indígenas a receber a bolsa da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Entre as suas principais publicações está a elaboração do material didático de língua e cultura indígena do ensino fundamental de 2012, oriundo da pesquisa de iniciação científica financiada pela FAPESP. Escreveu e ilustrou o livro de literatura infanto-juvenil “Boloriê: A origem dos Alimentos” (2015). Um dos dez autores de “Nós: Uma Antologia de Literatura Indígena”. Membro do laboratório do Grupo de Pesquisa Linguagens, Etnicidades e Estilos em Transição (LEETRA) da UFSCar. Participou como ator protagonista dos curtas-metragens “Chegamos Antes” e “Trovão sem Chuva”. Mato-grossense, oriundo da sociedade indígena Balatiponé, onde a língua falada é o Balatiponé, idioma pertencente ao tronco linguístico Jê.

A formação do mundo

Ariabo fez uma breve apresentação em sua língua e depois emendou: “muito boa tarde a todos vocês. Sou Ariabo Kezo, filho do povo indígena Balatiponé, do estado do Mato Grosso, dentro da aldeia Pakalana. Estou muito, muito feliz de estar aqui hoje conversando com vocês, é um prazer imenso pra mim. Agradeço a organização do ENEI pelo convite. Pra mim é uma honra estar participando aqui com a Julie, já fazíamos contato antes, hoje estou conhecendo o Jaime, é um prazer imenso”, iniciou e seguiu com um cântico intitulado Jekirino e explicou, “é uma canção entoada no cerimonial da Dança da Andorinha no meu povo. Nessa canção eu mencionei nomes de vários representantes ancestrais. São nomes que perpetuaram nas canções, guerreiros de tempos milenares. Na canção eu consigo remontar fatos históricos, narrações, a cosmovisão e a identidade de nosso povo. O que representa a história e sua forma de perceber e conceber o mundo. Eu escrevi um material que fala sobre a história dos alimentos (Boloriê – A origem dos alimentos – https://issuu.com/grupo.leetra/docs/bolorie_-_a_origem_dos_alimentos), trata de uma personagem lendária de nosso povo, Ariamunú, se sacrificou para que houvesse alimento no mundo. Então, nesse material, eu explico bem resumidamente, superficialmente como é feito o batismo quando surge alguém no mundo. No batismo é dado um nome e culturalmente, em nosso povo, se compõe uma música de recepção dessa criança no mundo. Na música já mencionam o nome que essa criança está recebendo. Quando uma pessoa falece, quando ela se despede do povo, dos entes queridos, se compõe outra música, tratando da história dessa pessoa que faleceu.

Essa música que cantei, pertence a uma linhagem de nosso povo e essa linhagem vai marcar alguns nomes e nas canções elas apresentam alguns nomes lendários que significam muito para a formação do mundo e constituição do povo, constituição da humanidade. Então, Ariamunú representou a criação dos alimentos. Nessa história tem algumas marcas de protocolos que vai representar muito pra organização religiosa, espiritual, política social de nosso povo. A relação com o mundo material e também com o mundo metafísico, espiritual. Alguns nomes de nosso povo Haypuku como Criador do Universo, Zurimã como guardião dos peixes, também se sacrificou para que houvesse peixe no mundo, eles trazem algumas marcas muito simbólicas que vamos aplicar em nossa forma de se relacionar humanamente ou com outras espécies viventes da natureza. Então, todo esse conjunto de coisas eu posso traduzir, para a visão de um não indígena, como uma marca literária. Pode ser enxergado como uma espécie de literatura, talvez não essa que costumamos ver como as representações gráficas da oralidade da fonêmica e da ideogrâmica. Talvez não esteja encaixado nessas formas alguns momentos diminutivas também, são módulos mas, ela está num significado mais amplo de conhecimento e de transmissão desse conhecimento através da contação de história. Ela não está escrita nessa forma vernacular como literatura mas, ela também é literatura. Essas significações para nosso povo também pode ser enxergada como literatura, quando eu traduzo para um espaço ou uma visão que acaba sendo apropriada — agora, vários atores indígenas estão escrevendo sobre isso —, ao mesmo tempo é religião, espiritualidade, cosmovisão ela tem esse teor nessas formas, nesses mecanismo de produção e não se encaixa como letras, que é o significado termológico e etnológico da literatura.

No meu ponto de vista, acabo problematizando algumas coisas que tem muitos autores, indígenas também, acabam reproduzindo essa visão de que nós povos indígenas somos ágrafos, que nós povos indígenas não consideramos muito a questão gráfica. Já problematizo um pouco essa discussão pra dizer que o grafismo corporal, como tanto outros grafismos em cestarias, em cerâmicas, são símbolos que comportam várias significações, representados também como uma referência. Numa dessas discussões, nós povos indígenas, não é que não adotamos a escrita ocidental, nós somos independentes da escrita. Então, nesse sentindo, ela não se restringe a literatus. Nós buscamos outras referências de repasse de informação e conhecimentos. Todas essas histórias perpassam milhares de tempo. As referências são os grafismos, a contação de histórias, as canções, são um conjunto de coisas que vão formando teias que vão se interligando. Num determinado momento, eu preciso de uma dessas referências, então, eu lanço a minha formação. Eu creio que esses grafismos, traçados aqui nesse espaço estão cheio de representações, cheio de códigos riquíssimos tanto quanto o alfabeto, o formato ideogrâmico do oriente, por exemplo, que vão transmitir as informações do pensamento para esse material que é a escrita. 

Esse é o ponto. Eu trago isso como forma de identidade, incorporando a literatura. Enquanto tento trazer para esse universo de discussão literária, parece que acaba sendo contemporâneo, a partir do momento que se canoniza, que as produções começam a aparecer, os autores, as editoras financiando, montando parcerias, se consolida um formato de literatura indígena. Eu não sei se realmente se consolida, não sei afirmar. Talvez o conceito de literatura indígena seja incipiente. 

Há vários estilos de se trabalhar a literatura, porque além desta que apontei que trata do contexto cultural de meu povo, existe aquelas de denúncia, existe aquelas de problematização da identidade de um país, existe aquelas que tratam sobre a violência nos territórios indígenas, a expropriação, aquelas que falam do trabalho do Cordel. Existem vários estilos, aí problematizo se isso seja, de fato, contemporâneo ou só é visível agora. 

Jaime volta dizendo, “obrigado parente, foi bom lembrar o Manuel Moura que é meu primo legítimo, o grande professor, escritor da questão da literatura do movimento indígena. É muito bom ouvir, relembrar, essa questão memorial da ancestralidade. Acabamos de ouvir os parentes que trazem essa reflexão sobre a literatura indígena, como ela é formada, através de saberes ancestrais para educar a sociedade através dos cantos, danças, através da convivência, através da sociabilidade com a natureza, com a água, com o sol e com a floresta. O meu pai diziam assim pra mim ‘embora entrar no mato e vivenciar com a natureza’. Para os indígenas é igual ao shopping, não tem relógio. Pode ver, tem tudo, comida e sociabilização, para os indígenas a floresta é um grande shopping onde ele sabe a realidade e como funciona. Isso me fez relembrar de um colega não indígena que dizia ‘por que vocês querem tanto terras? Por que vocês querem demarcar?’ Acabamos de ouvir a resposta; não é a terra que lutamos que queremos demarcar. Nós estamos querendo demarcar essa questão de literatura memorial, espiritual, material e imaterial. Não é pela terra, nós queremos demarcar os saberes ancestrais que estão em nossa terra. Isso que estamos trazendo para esse grande evento”, afirmou Jaime, estendendo a palavra para que os convidados deixassem uma palavra final.

Considerações finais

Julie: “Eu gosto muito do que o Ariabo trouxe e me lembrei da minha última fala da memória que o Makunaimã foi nosso primeiro escritor. Muita gente pergunta, quem foram os primeiros escritores indígenas? Quando eles vão aparecer no Brasil? Hoje eu penso, que o nosso primeiro escritor foi Makunaimã, as suas letras estão escritas até hoje lá no monte Roraima, que o nosso umbigo do mundo, onde nasceu o povo Macuxi, de onde o nosso povo passa a existir. O monte Roraima era uma grande árvore, foi cortada por Makunaimã, dando origem a nossa vida, configurando o mundo como a gente conhece hoje. É muito interessante que essas letras que a academia vai chamar de arqueologia, elas estão escritas lá. Mas Makunaimã não escreveu só essas letras, ele escreveu a nossa existência, isso é maior, para usar um termo filosófico: é transcendental. É gigante, é imenso, faz parte de nossa ancestralidade. Trazemos essas letras para o livro que é esse contemporâneo mas, tudo isso é muito ancestral e se alguém me perguntar quantos anos eu tenho hoje, eu diria uns 4033 anos, que é o tempo de meu povo. Se eu sou meu povo, eu sou a continuidade disso, quer dizer que eu tenho todas as idades que os meus ancestrais possuem. É uma forma de dizer isso para o Brasil Kaiowá (ou Kaiuá), para o branco, para a sociedade não indígena, que estamos continuando essa história por meio de nosso povo, nesses formatos. Hoje é o livro mas, amanhã sei lá, pode ser a inteligência artificial ou qualquer coisa que pode vir a existir, que a gente vai continuar sendo indígena e vai continuar fazendo literatura indígena ou literatura Macuxi”, concluiu Julie.

Vou fechar com um texto de um parente, nosso irmão, Manuel Moura Fernandes Tukano”, disse Ariabo, que na sequência declamou o Lamento Nacional de um Guerreiro: 

Ouviram do Ipiranga, às margens plácidas,
atrás das margens, gritos reprimidos por tortura,
lágrimas de um povo heróico – o brado que não retumba.
O sol da liberdade, em raios contidos,
tem vergonha de brilhar em nossa Pátria.

Se a mentira desta igualdade conseguimos demonstrar com braços mortos,
em teu seio, ó Liberdade, desafia a mortandade planejada.
Ó Pátria amada, atraiçoada, queremos te salvar!

Brasil, de um sonho intenso e pesadelo imenso.
Um raio frio de amor e de esperança, com a Terra chora.
Se, em teu fumacento céu, choroso e inerte,
a imagem do Cruzeiro, de vergonha, não aparece.
Gigante pela própria natureza!
És devastada, destruída, humilhada e fragilizada, sem amor,
ó antigo colosso, e o teu futuro espelha esse horror.
Terra adorada por poucos – somente pelos filhos da Terra.
Entre outras mil, és tu, Brasil, como as demais latino-terras
Dos filhos indignos deste solo és mãe humilhada,
Pátria amada por poucos… Brasil.

Deitado eternamente amordaçado e outros em berço esplêndido,
ao som do mar e rios poluídos, trevas que afrontam o céu profundo.
Fulguras, ó Brasil, como 3º Mundo,
como lixo da América abandonado e violado
na camuflagem que impede a chegada do sol para um novo mundo.
Do que a terra, mais varrida,
teus chorosos, tristes campos não têm flores.
Nossos bosques têm desertos,
nossa vida, no teu seio, mais horrores.

Ó Pátria amada,
idolatrada por alguns,
salve-se! Salve-se!

Brasil, de amor oculto nas florestas, seja símbolo.
O lábaro que ostentas camuflado.
E diga, ao verde-louro desbotado pela farsa,
que a Paz é possível no futuro
se os falsos filhos forem embora
para cicatrizar as chagas do passado!
Mas se ergues da justiça (clavada) verás que só os verdadeiros filhos não fogem à luta
e te cultuam nos resguardos das florestas e aldeias isoladas.
Nem teme, quem te adora de verdade, sem dinheiro, sem títulos e sem fardas.
Terra adorada!
Entre outras mil, também és saqueada e humilhada.
Dos filhos deste solo, tens vergonha dos que violam tuas entranhas,
deserdados pela força de ancestrais heróis que ora se juntam a nós – filhos autênticos – que por ti morreram e morrem, Mãe Gentil,

PÁTRIA ARMADA E AMARRADA, BRASIL!

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