A Comitiva Sartei da Mula foi organizada por Marcinho depois de sofrer uma queda do animal. Seu objetivo foi reunir amigos apaixonados por cavalos e fazer o bem ao próximo pela ação social. No começo de 2019 Marcinho fez uma promessa e, com a graça alcançada, foi até Aparecida do Norte, SP, em romaria a cavalo. Dois amigos da Comitiva foram junto dele, Willian Pilon (vulgo Will) e João Henrique Botechia. 

Will, Marcinho e João em 2019.

Agora, em dezembro de 2020, Marcinho está repetindo a romaria até Aparecida, acompanhado por Will e Adrian Schnnor, eles levam a experiência de já ter enfrentaram o trajeto uma vez, fizeram amizades e esperam reencontrá-las. Estão indo para agradecer pelas conquistas num ano difícil para todos, no momento da chegada está programado assistir a missa com o grupo de amigos da comitiva e familiares, que irão de ônibus para o encontro dos romeiros. 

Márcio José Archangelo Junior, ou Marcinho, conta como começou a Comitiva Sartei da Mula, “a Comitiva veio depois de ter sofrido uma queda quando estava montando uma mula. Eu caí de mal jeito e fraturei o braço em oito lugares. Foi um processo de reabilitação demorado. Tive um trauma, ficando com medo em montar novamente. A ideia minha é unir o pessoal de montaria, aí decidimos montar uma comitiva. Pensava num monte de nomes diferente mas, começou porque? Começou lá quando eu pulei da mula, onde virou Sartei da Mula”, detalhou e, ele disse que só voltou a andar a cavalo depois que pegou confiança em uma égua que virou sua companheira nas cavalgadas e, está acompanhando na viagem para pagar sua promessa. Primeiramente, seguiria só em 2019 mas, assim que os amigos viram que ele estava decidido e estava indo sozinho, se arrumaram e deram um jeito de acompanhá-lo.

Em 2019

Quando João Botechia ficou sabendo da viagem do amigo disse, “sozinho você não vai! Nós vamos estar junto na luta, para um dar apoio ao outro e, nas conversas dos preparativos, entrou nosso amigo William”. A proposta da viagem interessou para William, “eu fazia parte de outra comitiva lá na cidade de Socorro. Já tinha ido com eles para Aparecida, agora eu quis passar por essa aventura, porque vamos de um jeito sem apoio, do jeito tradicional, onde a maioria das pessoas não vão mais assim. Com a bruaca, os animais e só nos três, vendo o que vai ser nessa viagem no dia a dia”, descreveu Will.  

Marcinho relata, “Eu fiz uma promessa em abril, em Bom Jesus do Pirapora (SP), a graça foi alcançada e eu tinha que pagar minha promessa ainda esse ano. Os meus companheiros, sabendo da minha missão, não me deixaram ir sozinho. Tudo meio às pressas, no improviso. Vamos ver, a gente quer chegar lá. Primeiro é pagar essa promessa e segundo, nós temos um cronograma a cumprir porque nossos familiares e amigos vão estar lá para nos encontrarmos. Estamos indo de uma forma um pouco diferente, é uma missão meio difícil, sem apoio, sem pouso definido e sem rota. Vamos descobrindo no caminho. Pretendemos chegar na sexta-feira e encontrar nossos amigos no sábado. O que une a gente é o amor pelo cavalo. Para alguns da Comitiva é um hobbie pra nós, é serviço diário. Quanto mais a gente protela, mais difícil fica e, a vontade e a necessidade vai passando, então, se tem que ir vamos pra cima. Temos um cronograma de fazer cerca de 45 a 50 km por dia. O único pouso garantido é na cidade de Pedra Bela, SP, que será no terceiro ou quarto dia da viagem. Amanhã durante o caminho eu pretendo contar pra eles o motivo da minha promessa”, disse.

Para o amigo João Botechia o desfio vai ser grande, “o psicológico vai estar mexendo com a gente. O cansaço, as dificuldades na estrada mas, nós vamos superar isso tudo”, destacou.

Em 2020: amigos com Will, Adrian, Marcinho e João

O retorno em 2020

Marcinho recordou que na chegada em Aparecida, em 2019, o encontro com os familiares e amigos da Comitiva “foi maravilhoso, todo mundo uniformizado. Fomos à missa às 6:30, tomamos café e passamos o sábado junto deles e a tarde viemos embora” relembrou.

Para a viagem de 2020, já está tudo certo, serão três romeiros rumo à Aparecida; Marcinho, Will e Adrian Schnnor, durante 9 dias de cavalgada, saindo dia 3 e pretendendo chegar dia 11, levando 7 animais. Will contou que dessa vez nos preparativos, ele foi até a cidade de Pinhalzinho (SP) para acertar um lugar de pouso, porque no ano passado eles passaram apertado, tiveram que dormir na beira da estrada, junto aos animais, depois de cavalgar por 50 km em trechos íngremes. “Ano passado foi meio na loucura, começava escurecer a gente ficava perguntado sobre pouso, alguns se propunham a dar o pouso, outros indicavam, foi bem aventuresco, passamos perrengue, cada um ficava de guarda durante 3 horas, debaixo de chuva, tava frio, tudo molhado. Aí, esse ano pra não acontecer de novo, fui atrás de um lugar. Na cidade de Pinhalzinho existe uma igrejinha que hospeda os romeiros, o ano passado não encontramos o homem que cuida da igreja. Esse homem, agora que fui na casa dele, quando eu chamei, ele achou estranho, veio meio fechado, aí começamos a conversar no portão, depois chamou pra dentro da casa, fez café, deu bolacha, começou a contar a história dele, até chorar ele chorou! Rapaz bom!! Falou que já pode ir que tem lugar garantido!” afirmou.

Perguntamos ao Marcinho se esse ano ele está mais organizado ele soltou “tá nada. Tava programado pra sair as seis da tarde de casa, saímos as oito!! Mas esse ano a gente já sabe o caminho, temos uns amigos pelo caminho, vai ser a segunda vez”, citou.

Marcinho também relatou que essa romaria até Aparecida, tem o caráter religioso “nos vamos para agradecer e vamos para pedir pelo ano que vai começar. O ano passado eu fui agradecer uma graça recebida, que é a saúde da minha avó. Ela tem uma certa idade e ia passar por uma cirurgia e, a chance dela sair da cirurgia era mínima e, graças a Deus ela está firme e forte lá em casa. A cirurgia aconteceu quando nós estávamos a caminho de Aparecida e correu tudo bem”, revelou. 

Na primeira viagem, em 2019, eles relataram que em alguns momentos da viagem foi tenso, “contamos com muita sorte mas, numa viagem religiosa tenho que dizer que foi nossa fé em Deus. Eu falei, se não tivesse ninguém pra ir eu iria sozinho mas, graças a Deus, os amigos foram comigo, porque eu não ia dar conta, ia chorar quem nem criança, mesmo assim teve choro nos momentos difíceis. Você passar uma hora, almoçar ou fazer um passeio com seu amigo é uma coisa. Passar 10 dias na estrada com uma pessoa, acordar, almoçar, ir dormir, cada um tem suas manias, cada um tem seu tempo das coisas, é sol, é chuva, fome, sede, foi complicado. Bateu desespero num trecho no meio da Mata Atlântica, achamos que tínhamos se perdido na trilha. Estávamos a cinco horas dentro de uma mata, não víamos luz, nem sol, era muito inseto em cima da gente e não tinha pra quem perguntar se estava no rumo ou não. E o que acontece? Vem o desespero! Numa brincadeira falamos que estávamos chegando em tal cidade, o Will falou; ‘tá doido? Se isso for verdade, eu vou desistir, porque é voltar dois dias’. Se acontece um acidente qualquer, no meio dessa mata, como é que faz? É muita responsabilidade, não é brincadeira! Mas deu certo, estávamos no rumo. Aconteceu também de andarmos durante à noite, num trecho que não enxergava mais nada, não tinha pra quem perguntar, achamos uma pousada que nos acolheu. Acolheu mesmo, porque não estava funcionando. Eles viram nosso estado, a situação dos nossos bichos, graças a Deus nos acolheu. Nessa, fizemos amizades que acreditamos que esse ano vamos chegar e vamos ser bem recebidos de novo. Podemos dizer que já vimos como é ir até Aparecida em romaria, sabemos como os animais se comportam e esse ano o motivo da viagem nossa é pra agradecer a saúde de todo mundo, agradecer que em fevereiro vai nascer meu primeiro filho, Miguel Archangelo. Ano passado também fui para agradecer e tinha o sonho de realizar muita coisa e consegui conquistar tudo, teve momento de esmorecer mas parece que veio um chute me dizendo não pare; faça! Vou até lá pois, só tenho a agradecer!”, avaliou.

Na comitiva Sartei da Mula, existe aproximadamente 60 cavaleiros que possuem animal, esse pessoal traz toda a família, Marcinho diz, “nós somos uma comitiva familiar, em nossos passeios é sempre a família em primeiro lugar. Então, chegamos a 350 pessoas. Agora em 2020 cresceu bastante o número de crianças participando com a gente. Em dezembro fazemos a cavalgada do Noel, no dia 25 de dezembro, vamos sair do Rancho por volta das 9h da manhã e meio dia a gente está de volta, cada um desarreia e segue pra sua casa cear com sua família”, finalizou Marcinho.

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