Limeira, SP, completa 195 anos nesse mês de setembro, para marcar essa data encontramos pessoas cujos pais adotaram Limeira como lar para a família, na esperança de mais oportunidades aos filhos, educação, tratamento de saúde, emprego e contribuindo assim, para o crescimento da cidade.

Conversamos com os irmãos Joel e Uriel, eles são dois representantes da família Bernardes Pereira. Seus pais, Floriano e Helena, mudaram-se para Limeira definitivamente em 1965. O destino da família foi trabalhar no comércio de carnes, o pai, lavrador, aprendeu o ofício com um primo, depois virou sócio e depois seguiu com o próprio açougue. Os filhos mais velhos ficavam no açougue para não dar trabalho para a mãe embora, quando conquistaram o Box 49 no Mercado Modelo, nenhum dos seis filhos tiveram escapatória, os três homens e as três mulheres enfrentaram a rotina diária no açougue. A família Bernardes Pereira faz 48 anos de história de trabalho no Mercado Modelo, popularmente conhecido como Mercadão que, infelizmente, foi dizimado em um incêndio em 2020. Conheça a história da família Bernardes Pereira, através do depoimento de Joel e Uriel, mineiros da cidade de Campestre que vieram acompanhando os pais para morar em Limeira ou como diz Joel, “eu não sou de outra cidade, eu sou daqui. Eu vim criancinha, vim com cinco anos pra cá”.

O casal Floriano e Helena Bernardes Pereira, em busca de tratamento de saúde a um dos filhos, foram incentivados por familiares, que já estavam morando em Limeira e traçavam elogios à cidade, encorajando a vinda para cá. Uriel diz, “Em 1960, meu pai morou na chácara de um padre, próximo ao trevo de Cosmópolis, SP (na rodovia Anhanguera). O tio Benedito Carvalho e a tia Ana Lina Bernardes já moravam em Limeira, porque começaram a desbravar o Paraná e vindo de Campestre, Minas Gerais, meu tio passava por Limeira pra chegar ao Paraná. Ele gostou de Limeira, era uma cidade ajeitada, mudou-se pra cá. Eles chamaram meu pai pois, tinha como tratar meu irmão, era perto de Campinas, SP, tem mais recursos e tal. Eles vieram, foram morar na chácara do padre e meu pai trabalhar como cortador de cana. Deu certo o tratamento do meu irmão, depois de um ano, eles voltaram para Minas Gerais”.

A vida em Minas Gerais

“Na região de Campestre, MG, Poço Fundo, MG, e Machado, MG, planta-se muito fumo e café. Meu pai era plantador de fumo, juntamente com outros familiares. Um dos irmãos do meu pai chamou pra voltar e plantar fumo na Fazenda da Pedra, em Campestre, onde ele morava na colônia da fazenda. Precisaram desbravar derrubando a mata, tirando os palmitos e lá plantaram fumo de a meio. Nessa fazenda, meu pai ficou de 1961 até 1965, nasceram mais três filhos. Eu nasci em 1963. Meu pai pensou, ‘poxa, preciso dar uma estrutura melhor para meus filhos. Vou voltar para Limeira’”, emendou Uriel

Joel completa, “meus pais tiveram oito filhos, um deles morreu com enfisema pulmonar, tinha nove meses de idade e o último filho nasceu natimorto. A única lembrança de Minas que eu tenho, é que morávamos na Fazenda Roseira, em frente daquela pedra grande na beira da pista em Campestre. Eu, com três anos de idade e meu irmão mais velho, com seis anos, subíamos naquela pedra sozinhos, até lá em cima. Era longo o caminho, tinha onça, espinhos e subíamos escondidos da minha mãe. Duas crianças sem juízo, saia escondido da mãe, depois apanhava. O pessoal ficava bravo, falava pra minha mãe mas, sobrou nós subíamos ou ia para o meio do mato derrubar cacho de marimbondo, depois apanhava”, contou.

Joel Bernardes Pereira no ‘novo’ box: “eu não aguentei ficar um mês dentro de casa”

Limeira de vez

No ano de1965, a família voltou a morar em Limeira, trazendo consigo todos os seis filhos; Josias, Joel, Eunice, Dulcineia, Uriel e Raquel, que estava apenas com 6 meses de idade. Joel fala, “a minha primeira lembrança de Limeira é o centro da cidade, porque o resto era tudo mato. Onde é a igreja Bom Jesus, era tudo mato, mas o Mercadão (Mercado Modelo) já existia e o grupo escolar era o Coronel Flamínio. Lembro também que fomos morar nos fundos da casa de um tio, o José Norberto, era na frente da Casa da Criança (orfanato) e meu tio fez uma proposta ao meu pai: ‘Floriano, você quer comprar metade do meu açougue?’ Meu pai tinha recebido 900 reis pelo trabalho de lavrador e comprou metade do açougue que ficava na Vila Jacon. Meu tio foi ensinando (o ofício de açougueiro ao) meu pai. Ele vendeu a outra parte do açougue para o meu pai e comprou um box no Mercadão pra montar um outro açougue”.

Cotidiano

Joel conta que depois de três anos morando na casa do tio, “meu pai comprou um terreno no Jardim Nova Itália e construiu uma casa de três cômodos para morarmos. O Uriel era bem pequenininho e para dar sossego a minha mãe, meu pai levava eu e meu irmão mais velho, o Josias, para o açougue, na Vila Jacon. Vendo meu pai trabalhar nós aprendemos, ele não obrigava a nada. Lá, podíamos brincar com os vizinhos do açougue. Tinha uma madeireira próximo e a gente brincava com pedaços de madeira como caminhão, casinha, montava uma fazendinha. Onde hoje é o (ginásio de esportes) Vô Lucato era o Campo da Experiência, lá, tinha uma plantação de amora para alimentar os bichos da seda e fazer os casulos. Era uma fazenda cheia de amora e, a gente ia brincar com os filhos do caseiro, podia comer amora à vontade, só não podia mexer nos casulos que era pra vender para as fábricas de linhas. Com oito anos, eu ajudava meu pai no açougue, com 12 anos ficava sozinho, já sabia desossar e tudo mais”.

Uriel comenta, “meus irmãos estudaram no Coronel Flamínio (Grupo Escolar Coronel Flamínio Ferreira), depois que mudamos para o Jardim Nova Itália, fomos estudar no Perches Lordello (E.E. “Prof. Antonio Perches Lordello”)”. 

Uriel Bernardes Pereira: “O incêndio aconteceu dia 12 de abril, duas semanas depois eu já estava em outro local, precisava atender os clientes de atacado. Em outubro, eu aluguei um prédio na Vila São Cristovam para atendimento do varejo”

Mercado Modelo – ano 1973

Uriel recorda que aos 10 anos de idade, “a situação da família era bem difícil, bem pobre. Mesmo assim, meu pai em 1973, fez uma troca com o tio José Norberto com um box no Mercadão. Além da troca, ele quis mais quatro mil cruzeiros, meu pai pagou parcelado. Aí, mudamos o açougue para o Mercadão, no Box 49. O Mercadão era muito feio, os boxes era fechados, serviam de depósitos para os feirantes, o pessoal era muito desanimado, só tinha dois corredores funcionando, o piso era de pedrinha portuguesa. Aí, sangue novo, meus irmãos mais velhos, com 14 e 15 anos, estavam com aquele gás”. 

Joel emenda, “com o tempo todos os seis irmãos ajudavam no açougue, as mulheres viraram açougueiras e frangueiras. Ninguém ficava em casa parado não, todo mundo cooperava. Nós vínhamos trabalhar às 5:30h, no primeiro ônibus que passava. Não tínhamos carro e o Mercado abria às 6h e fechava às 18h. Saía daqui e ia direto para a escola, no Trajano Camargo (Escola Técnica Estadual Trajano Camargo), entrava às 19:30h e saia às 23h. Depois fui fazer (o curso técnico) Contabilidade, no Colégio Bandeirantes; mas não aguentei, acordava muito cedo e chegava quase meia noite em casa, no meio do ano parei. Eu tinha que correr, ajudar meu pai, porque ele não podia pagar empregado, tinha que ser nós, falei ‘pai não aguento mais’ e, saí da escola e vim trabalhar no açougue, por isso não sei ser outra coisa, só sei ser açougueiro. Aqui no Mercadão foi melhor, porque é centro, estava em crescimento e nós fomos crescendo junto com o Mercado, conforme foi crescendo a cidade foi crescendo o movimento”.

Uriel descreve, “tinham outros açougues no Mercadão, um era do sr. João Pedro Alfonso, que também tinha cinco quitandas e três armazéns grandes; dos Calçavara, do Nelito Fonseca, e restou só o do Dirceu Fusci, que inclusive era um armazém potente dentro do Mercadão. Passado o tempo, o Calçavara resolveu parar porque começaram a surgir os supermercados, o sr. Nelito Fonseca estava meio doente e a esposa dele, dona Lazinha, ficou no lugar mas, mudou de box e começou a vender vasos, presentes e variedades. Foram abrindo as lojas de brinquedos, tabacaria e outros segmentos, vimos muitas coisas mudarem”, destacou.

Evolução do tempo

A prosperidade almejada pelo pai, estava se concretizando em Limeira, conforme revela Uriel, “na época do meu pai, nosso açougue atendia a empresa Fumagalli, quando ela funcionava perto da (indústria) Prada, isso deu um ‘boom’ nos negócios. Depois de uns cinco ou seis anos trabalhando no Mercadão, tudo começou a evoluir (no setor de carnes), apareceram os balcões refrigerados, as balanças digitais substituíram as balanças de ponteiro, antigamente usava aquele cepo de madeira para cortar as carnes, vieram as serras elétricas e as máquinas de cortar. Os fornecedores também mudaram muito. Distribuidor, tinha o seu Tonhada, o Vanderlei Hergert do abatedouro da Avenida Campinas, o Chiquinho Tosatti e um frigorífico de Piracicaba, SP. Meu pai chegou a matar boi lá do matadouro municipal, eu não. Chegava lá com os animais, abatia, era fiscalizado, limpo, tinha o pessoal da prefeitura que examinava o gado, depois de abatido carregava e trazia para o açougue. Com o tempo sr Otto Hergert e o filho Vanderlei Hergert e o sr Eugênio Jacon, abriram um Frigorífico lá perto da Ponte Preta e a prefeitura encerrou o que ela mantinha. Houve mudança também nos cortes das carnes, antes era carne de primeira ou de segunda, começaram a aparecer os cortes nobres, a picanha, a maminha, o frango começou a ser vendido em peças como tulipa, peito e filé. Hoje, tem bife ancho, chorizo, foram mudando os nomes dos tipos de cortes. As miudezas como mocotó, fígado, rabada, bucho, pulmão, língua e coração ainda tem mas, não se consome na proporção de antigamente, a criançada de hoje quer Nuggets. Um nordestino ou mineiro acostumado com a fressura do porco, ia até o Mercadão pois, sabia que tinha, agora vem perdendo o costume”.

Joel reforça sobre os tipos de cortes, “vendia mais carne de segunda. O pessoal trabalhava na roça, então, eles compravam mais carne com osso, costela vendia bastante, hoje não, porque são poucos os que trabalham na roça mas, carne é tudo igual. As miudezas ainda tem hoje em dia, tudo normal. A única diferença era que tinha o Frigorifico em Limeira e a gente ia cedinho e conseguia comprar tudo fresquinho; coração, rabada, língua. Deixava tudo nas formas no balcão, hoje, vem tudo congelado e tem que deixar no freezer, por isso que não vê mais no balcão. Na hora que quiser, tem no freezer guardado”, afirma.

A sociedade

Uriel relembra, “em 1979, nosso pai estava ajudando na construção da igreja, em mutirão, ele caiu de um andaime e quebrou a coluna, não voltou mais trabalhar. Nós fomos assumindo a responsabilidade. Nosso açougue no Box 49, era uma sociedade entre os irmãos. Em frente ficava o açougue do Sr. João Pedro Alfonso, perto da rampa tinha o açougue do Gaucho que é nosso primo, filho do sr José Norberto. Nós compramos uma banca de frango que tinha próximo. Depois compramos o box do Gaucho, que mudou para o Bairro Boa Vista, onde funcionava a fábrica de mortadela do Vanderlei Hergert, hoje, nesse local é o Banco Bradesco. Mais ou menos em 1986, na época do “Plano Cruzado” o sr. João Pedro Alfonso, um dos fundadores do Mercadão, nos procurou e disse: “olha, eu já estou velho, estou aposentado, estou meio doente, minha esposa faleceu, vocês querem comprar meu açougue?”, aí nós compramos.

As reformas do Mercado Modelo

Recordando, Uriel lembra-se que nos anos 90, “no último mandato do prefeito Jurandir Paixão, ele fez uma pintura total do Mercadão. Foi quando montaram uma Associação para administrar e virou um condomínio. Em 2010, convidei o pessoal pra fazer uma mudança no piso do Mercado, porque estava muito feio, alguns não estavam querendo, diziam que podia ficar muito liso. Eu propus fazer em frente do meu açougue por minha conta e, se eles achassem que não tinha ficado bom eu removia. Foi feito em uma noite, quando estava pronto, causou um reboliço no Mercado, ficou muito bom. Eu coloquei granito no tamanho 20 por 15 cm, aí alvoroçou o Mercado e combinou de cada um fazer a sua frente no mesmo segmento de piso. A Associação fez algumas partes com piso antiderrapante e, a prefeitura fez o calçamento de fora que era todo irregular. As lojas foram se modernizando. Eu também estava movimentando para fazer um forro para não deixar mais o telhado aparente. Colocamos forro de pvc nos corredores onde ficavam os açougues para ser mais higiênico e bonito, ficou com um ar mais fresco, mais limpo. Estavam estudando em fazer o resto do forro sobre as lojas, era preciso fazer algumas mudanças no telhado muito antigo, aí, foi deixando até que aconteceu a tragédia”, informou. 

Campestre ou Limeira ?

“Eu costumo brincar com o pessoal dizendo, ‘se Minas fosse bom, meu pai tinha ficado lá!’. Pra mim, o melhor lugar é Limeira, porque aqui a gente veio em novembro de 1965, com um saco de roupa e uma lata de banha, pai, mãe e seis filhos com idades entre sete meses a oito anos. Se estabeleceu com o açougue. Moramos no Jardim Nova Itália, quando ele estava começando, na verdade, deve ter sido a segunda ou terceira casa do bairro. Ficamos lá até o ano de 1978, depois mudamos perto da Santa Casa, no Jardim Montezuma. Eu e meus irmãos fomos casando e compramos terrenos pra morar por ali. Nasceram nossos filhos, a maioria mora em Limeira. Eu tenho três filhos e todos são médicos. 

Em Campestre, MG, ficaram meus tios, volto duas vezes por ano para visitá-los. Meus parentes tem fazenda onde plantam fumo e café, tanto do lado de minha mãe quanto do lado de meu pai. Meu pai tem quinze anos que é falecido e minha mãe faleceu há oito anos, uma irmã também é falecida há sete anos. Pra nós, Limeira foi muito bom, graças a Deus, não podemos reclamar. Minas Gerais é muito legal pra gente passear”, observou Uriel.

Mercado Modelo – o luto

“Nosso comércio era uma sociedade entre os irmãos até o ano de 2000, que era administrado pelo nosso irmão mais velho. Com a separação da sociedade, cada irmão pegou o seu rumo para cuidar melhor do que é seu, esse era o objetivo. No princípio, eu senti muito, virei meu empresário, estava acostumado com a administração geral e principalmente a parte financeira de meu irmão. Eu me dedicava a manutenção, venda e atendimento ao cliente e muito ao nosso sítio. 

Todos já estavam estabilizados quando aconteceu a tragédia do Mercadão. Meu sentimento foi a mesma coisa que um luto. Você já perdeu alguém da família? Igualzinho, igualzinho a um luto. No dia do incêndio, eu saí de lá, só tinha passado vinte minutos, estava chegando na minha casa, eu fechei a porta do carro, meu telefone tocou, dizendo que estava pegando fogo. Até questionei, eu acabei de sair, não cheguei em casa ainda. Eu sempre fui um dos últimos a sair, saí de lá 12:35h, em quinze minutos a tragédia aconteceu.

Chamaram os Bombeiros, um monte de gente foi ajudar mas, o Mercado tinha muito papelão, plástico, roupa, sapatos, algumas lojas tinham um mezanino de madeira, o madeiramento do Mercado com mais de sessenta anos era seco ao extremo. Eu voltei lá, o prazo de tempo entre sair do Mercado e voltar, vamos pôr uma hora. Quando eu cheguei na rotatória do Bairro Ouro Verde, eu vi aquele tufo de fumaça, falei para meu irmão que estava indo junto, 'já era. O Mercadão já era'. Ele duvidou. Eu afirmei, ‘você vai ver!’ Quando chegamos na esquina do estacionamento do Mercado, eu vi o teto caindo em cima do nosso açougue. O fogo tinha começado lá no meio, perto da relojoaria e, o forro e o telhado em cima do meu açougue já estava caindo. Eu tinha duas câmaras frias, uma era de 3,5x4m e a outra de 4,5x4m. Uma era de congelamento que ficava no mezanino, eu tinha um elevador para levar a mercadoria até ela. Estavam lotadas pois, eu atendia vários restaurantes e cozinha industrial. Era um estoque de carne muito grande, tinha mais mercadoria na câmara fria do meu irmão, eram peças inteiras que não cabiam mais nas minhas câmaras. As mercadorias estavam prontas para entregar no outro dia, segunda-feira cedo, tudo embalado e com data, prontinho. Eu tinha um cofre chumbado na parede com documentos, fotografias, cheques pré-datados, promissórias, tudo isso também queimou, virou cinza. A bolinha do segredo do cofre é de alumínio, derreteu. Deu tudo errado. Eu perdi 100% e mais algumas coisas porque, perde o local de você ganhar o sustento, perde as pessoas que devem e estava marcado pois, elas esquecem que comprou da gente. Então, o prejuízo foi muito grande. Mas não estamos desanimados, estamos aí, seguindo em frente”, assegura.

A superação

Uriel diz, “olha, tem dia que dá uma tristeza muito grande porque foram quarenta e oito anos ali dentro, trabalhando, aquele público diferente, eu tinha oito pessoas trabalhando comigo, tínhamos aquele convívio. Hoje, só um veio comigo, os outros ficaram até outubro de 2020, foi quando eu resolvi parar de atender as empresas. Eu fiquei dez meses só fazendo entrega para cozinha industrial num espaço alugado de um amigo que tem uma empresa de congelados, onde tinha uma câmara fria e uma sala toda estruturada, eu comprei uma serra, uma máquina de moer e outra de embalagem à vácuo e fui pra lá trabalhar só com entregas, de porta fechada. O incêndio aconteceu dia 12 de abril, duas semanas depois eu já estava nesse outro local, eu precisava atender os clientes de atacado. Em outubro, eu aluguei um prédio na Vila São Cristovam para atendimento do varejo. Devido a pandemia e a falta de matéria-prima não consegui abrir rápido, só fui voltar a atender ao público no dia 5 de fevereiro de 2021. Hoje, devido às circunstâncias não vejo muito meus irmãos”, completa.

O irmão Joel diz, “depois que pegou fogo no Mercadão, eu não aguentei ficar um mês dentro de casa. As lojas que não foram afetadas pelo incêndio, que ficam voltadas para a rua, permaneceram fechadas por cerca de um mês e, a barbearia que tinha aqui mudou e eu aproveitei e aluguei esse salão e coloquei o açougue. Aqui está mais fraco, porque não tem mais aquele volume de gente, a clientela vem muito pouco, muitos ainda não sabem que estou com açougue aqui do lado de fora do Mercadão. Lá dentro, no Box 49, chegamos a trabalhar em sete pessoas, ultimamente estava em três. Nosso estoque ficava na câmara fria no box 21, perdemos tudo. Aqui, foi começar de novo, força, vigor e confiança em Deus, primeiramente. Deus abriu essa porta e estamos trabalhando, não para ficar rico mas, para sobreviver. Compramos tudo de novo. Graças a Deus”, Joel afirma.

Um novo Mercado Modelo – depois das cinzas

Segundo os irmãos, para concluir a obra de construção do novo prédio do Mercado Modelo, “estão falando que vai demorar uns dois anos e meio. Tem o problema da galeria pluvial, que foi danificada. Agora a Câmara Municipal votou uma verba pra refazer a galeria e a parte de 40% que pertence a prefeitura que vai ser, levantar e cobrir o prédio, a parte de Bombeiro, hidráulica essas coisas, os outros 60% restante é dos lojistas”, disseram.

Joel finaliza com o ensinamento compartilhado pelo pai, “somos o que somos porque o nosso pai ensinou certinho. A gente trabalhava e não tinha tempo para ir atrás de bagunça. De domingo, ia à igreja, servir a Deus. Nossa família é da Assembleia de Deus – Belém, desde quando morávamos em Minas Gerais. Nosso pai deixou isso na nossa mente e seguimos à risca, ele falava; ‘serve a Deus. O importante é servir a Deus, não é o que você tem, o que você quer ganhar, o importante é servir a Deus’. Foi sofrido, porém válido, porque teve recompensa. Não sou rico, sou vencedor”, concluiu

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