O missionário Eduardo Menezes está morando na Cidade do Cabo na África do Sul, sua atuação no campo missionário é o presídio de Pollsmoor onde o ex-presidente Nelson Mandela cumpriu parte de seus 27 anos de prisão e nas comunidades Hillview e Retreat. Entrevistamos Eduardo enviando as perguntas por meio do WhatsApp, não foi possível entrevistá-lo por uma transmissão em vídeo pois, “todos os dias desligam a energia elétrica por cinco horas. Ficamos sem internet, sem sinal de celular e sem fogão pois, o fogão é elétrico. Sempre foi assim, no inverno é mais constante esse apagão em toda a África do Sul”, revelou.  

Eduardo é de Salvador, Bahia, membro da Assembleia de Deus do Belém, mudou-se para África do Sul em 2008, para fazer um curso de inglês para mais tarde atuar como missionário, “aqui falam 19 idiomas. A desigualdade é muito grande, as pessoas que tem dinheiro tem muito, quem não tem, nada tem!! A comunidade que eu trabalho é um povo que não tem direito algum, a pobreza e miséria são fortes”, relata. 

A Cidade do Cabo, historicamente, teve seu primeiro assentamento europeu em 1652, servindo a Companhia Holandesa das Índias Orientais como uma estação de abastecimento de navios holandeses que navegavam para a África Oriental, Índia e o Extremo Oriente. Em 1806, o Reino Unido invadiu o local, iniciando uma guerra contra os holandeses. Um tratado assinado em 1814 declarou que a Holanda cedia permanentemente a cidade ao domínio britânico. A partir desse momento, a Cidade do Cabo passou a ser a capital da Colônia do Cabo, território ultramarino do Reino Unido. 

“Hoje, a África do Sul tem uma população de 59 milhões de habitantes, com pouca oportunidade de emprego. De acordo com Departamento de Estatística, dados de agosto de 2020, 49% da população, acima de 18 anos vive na linha da pobreza”, afirmou, acompanhe a entrevista completa;

Missionário Eduardo Menezes, ao centro e, crianças da comunidade Hillview, na Cidade do Cabo, África do Sul

Jornal Pires Rural: Quando iniciou seu trabalho missionário? 

Eduardo: Em Salvador, no ano de 1999, primeiro fazendo um curso de missões pela instituição JOCUM (Jovem Com Uma Missão), ficando até 2008 em Salvador, mudando para a África, Cidade do Cabo, em abril de 2008, pela JOCUM

Jornal Pires Rural: Qual é o tamanho do trabalho que desenvolve na Cidade do Cabo?

Eduardo: Recorrendo ao tempo antes da pandemia era assim; nas manhãs desenvolvíamos o trabalho no presidio de segurança máxima, chamado Pollsmoor onde o ex-presidente Nelson Mandela ficou preso. Nesse local envolvemos discipulado e artes com jovens infratores. Em outros dias da semana também trabalhamos com as mulheres. Até mesmo o consulado brasileiro entrou em contato comigo para poder envolver as mulheres brasileiras que estavam presas, na questão de tradução, discipulados e outros quesitos. É uma tarefa que vai das 9h da manhã até 12:45, segunda a sexta. 

Atuamos na comunidade chamada Retreat — recuo em português (subúrbio da região sul da Cidade do Cabo), a história conta que na época da guerra, os holandeses se recuaram para esse local. Nessa comunidade damos apoio a um asilo que abriga quase 100 idosos e há uma igreja chamada New Apostolic Rome, onde desenvolvemos um reforço escolar com as crianças da comunidade. Terça-feira crianças da série 1 e 2, na quarta-feira 3 e 4, quinta-feira 5 e 6 e na sexta-feira reunimos todas as crianças, cerca de 120 e, fazemos atividades com elas, na parte da tarde. Eu me qualifiquei como técnico de futebol nível 1 por meio de um curso para treinar as crianças. Temos lá times com idades de 12, 14, 16 e 18 anos. 

Em outra comunidade chamada hillview temos uma cozinha comunitária onde distribuímos 200 sanduíches para as crianças e depois estudo bíblico com os pais na parte da tarde. Na quarta-feira temos reforço escolar para as crianças e no final eles fazem uma refeição. Na quinta-feria tem um grande sopão para até 250 crianças e no domingo temos a escola bíblica dominical, que eles chamam de Sunday school. Tem a presença de 120 crianças no culto, onde temos um momento de louvor depois dividimos em 3 classes uma para meninos pequenos, outra para meninas pequenas e outra para adolescentes, depois do estudo tem um almoço. Nessa mesma comunidade nós distribuímos 80 cestas básica todos os meses. Também temos trabalho de evangelismo, visita as famílias, é uma comunidade com casas de madeira, zinco, quando acontece incêndios auxiliamos na construção das casas.

Segunda-feira, à noite, temos uma reunião com todos os missionários da JOCUM que moram na Cidade do Cabo. Quarta-feira, à noite, temos visita de capelania nos hospitais e na quinta-feira, à noite, temos o culto de nossa organização.

Entrega dos certificados depois do curso de lideranças que foi ministrado para os jovens no presídio

Jornal Pires Rural: Nessa penitenciaria que você tem contato qual é a principal causa das prisões?

Eduardo: A maioria dos presos foram por dois motivos; tráfico de drogas ou por assaltos, nesse caso são arrombamento de casas, isso aqui acontece num índice muito alto.

Jornal Pires Rural: Pode comparar o momento antes da sua chegada e outro agora?

Eduardo: Ah sim, tem muito em comparar. Graças a Deus o trabalho que desenvolvemos aqui já fizemos muito discípulos. Nosso trabalho é focado com crianças, então, várias crianças daqui, elas já se formaram em escolas, já se tornaram lideres da igreja, algumas ajudam em nosso projeto. A recuperação de alguns jovens envolvidos com drogas e crimes. Para um jovem que veio refugiado de Moçambique, nós conseguimos uma vaga no orfanato. Alcançamos hoje mais de duzentas famílias com amparo social e o trabalho evangélico que nós desenvolvemos aqui. Antes não tinha nada disso, hoje, nós temos os cursos, o trabalho com as crianças, com os adolescentes e os pais. Tínhamos um espaço bem pequeno, acabamos derrubando e construindo um outro espaço dentro da comunidade. Temos três salas de aula e um projeto para construção de mais. A cozinha comunitária também foi ampliada, está bem maior do que apenas um metro quadrado de antes. Tudo com doações e o nosso próprio trabalho.

Jornal Pires Rural: É exigido uma educação formal para realizar missões ? 

Eduardo: Não, o que precisa é o chamado de Deus. A Bíblia diz ide todo mundo, ide e pregai o Evangelho.  Mas é muito bom ir preparado, eu fiz um curso, fiz teologia, fiz bacharel em teologia também. É sempre bom ir se reciclando para estar apto e atualizado para realizar o trabalho com mais eficácia.

Jornal Pires Rural: Como foi a escolha pela África ?

Eduardo: Um amigo missionário veio para África e quando retornou ao Brasil, foi para se preparar para ir para outro local. Nisso ele compartilhou a trajetória dele comigo e outro amigo e, a partir desse momento eu comecei a orar a Deus, que um belo dia confirmou juntamente com a JOCUM, onde estava me preparando para as nações e, assim foi. Apesar de ter estado na Argentina e Paraguai por um período curto, considero a África do Sul como o primeiro país estrangeiro, por estar aqui um período maior. A África nunca foi meu país alvo ou o meu chamado, pra onde eu queria ir. Eu tinha preferência por outros locais, porém, Deus me direcionou pra cá. Então, estou aqui pela direção de Deus. Pelo Brasil eu viajei muito como missionário, por quase dez anos, por todos os estado e capitais, interior da Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro. Aqui na África do Sul, antes da pandemia, trabalhávamos em outros países vizinhos como Moçambique, Suazilândia, Lesoto, Namíbia e Botsuana.

Fogão improvisado: “todos os dias desligam a energia elétrica por cinco horas. Ficamos sem internet, sem sinal de celular e sem fogão pois, o fogão é elétrico”.

Jornal Pires Rural: Você vive a quanto tempo na Cidade do Cabo, com sua família? 

Eduardo: Eu moro nessa região desde 2011. Quando cheguei em 2008 morei na província de Western Cape, numa cidade chamada Worcester onde existe uma base da JOCUM (YWAM Worcester), lá eu fiquei um ano aprendendo inglês e dois anos atuando em trabalhos comunitários e sociais. A minha família mora no Brasil. Minha namorada está fazendo um curso pela JOCUM na Espanha, o nome dela é Josiane, assim que ela terminar os estudos estará se juntando ao nosso trabalho aqui na Cidade do Cabo. Aqui ela já esteve por duas vezes. Uma delas para fazer um curso com crianças em situação de risco pela CAE School, foi uma experiência de três meses e anteriormente ela veio conhecer e passar duas semanas aqui. 

Jornal Pires Rural: Poderia descrever como é viver na Cidade do Cabo do ponto de vista do cidadão ? Tem algo que se compare ao Brasil?

Eduardo: Aqui na África do Sul a questão de classe social é bem forte, as pessoas que tem dinheiro tem muito, quem não tem, nada tem!! A comunidade que eu trabalho é um povo que não tem direito algum, a pobreza e miséria são fortes. Eles não tem casa, não tem saúde, não tem hospitais suficiente para atendê-los, não tem segurança, não tem mercado, pra eles a vida é bem difícil. É uma população super carente mesmo, são a última classe social comparado ao grupo social que tem muito dinheiro aqui na África do Sul. Aqui é um país de 59 milhões de habitantes, com pouca oportunidade de emprego. De acordo com Departamento de Estatística da África do Sul, dados de agosto de 2020, 49% da população, acima de 18 anos vivem na linha da pobreza, ou seja, 30 milhões de pessoas carentes. Porquê? Aqui não tem emprego. Antes da pandemia, os dados de desemprego da população chegava a 29%, hoje chegou a 50%. A maioria dos jovens não terminam o ensino médio e, eles acabam se envolvendo na marginalidade. Se eles não terminam o ensino médio nem imaginam chegar a universidade. E as faculdades aqui são pagas, não é como no Brasil que tem faculdades públicas. Pouco são as oportunidades de emprego aqui na África e, apesar de existir muito ouro, muita prata, diamante, é um ramo forte da economia do país, porém devido a exploração, que vem de anos, eles acabaram não tendo muito desse recurso para gerar emprego. De resto tem lojas de roupas e as fazendas com cultivo de uvas e a produção de vinho, isso é bem forte.

O que se compara ao Brasil é a violência, o tráfico de drogas, a comunidade onde trabalhamos é muito perigosa, tem traficantes, troca de tiros, morre inocentes, a polícia chega, tem corrupção, essas coisas. A violência é muito próximo da realidade do Brasil. Quando eu entro na comunidade ou então recebo as notícias aqui, eu posso ver que isso é muito forte em relação ao nosso país. 

Jornal Pires Rural: Quanto da vida missionária é racional e, quanto é pela fé em Deus?

Eduardo: A vida missionária é 100% fé em Deus. O que hoje nós temos amanhã, pode não ter. A vida, missionária é viver uma vida de fé. Fé em fé todos os dias.

Escola em Botsuana, África: “Fazendo aquilo que mas gosto de fazer; falando do Amor de Deus para os alunos e professores”.

Jornal Pires Rural: Como você vê as dificuldades estruturais encontradas no país para executar o trabalho missionário ? 

Eduardo: Existe muitas dificuldades, aqui o governo não ajuda pelo fato de ser um país pobre então, a dificuldade é bem grande. Não tem estrutura, há dificuldade quanto aos preços das coisas que são super caras, o dólar é super alto. É muita gente pedindo, muita ONG, muitas pessoas carentes, a dificuldade é bem grande em relação a algum auxílio do governo. Então, tudo aqui somos nós, principalmente porque nós somos estrangeiros e eles pensam que estrangeiro tem dinheiro. Veem o estrangeiro como uma mina de ouro, mal sabem eles que eu vivo pela fé. 

Um obstáculo grande é a falta de parceiros, pessoas que possam ajudar. Aqui não temos apoio de empresa, não temos de políticos, empresários ou comércio. Nós recebemos doação de amigos e igrejas. A falta de ajuda para o projeto é um grande obstáculo.

Jornal Pires Rural: De onde vem o suporte para continuar o trabalho que desenvolve? 

Eduardo: Vem de amigos, familiares e igreja. O Projeto Religar do Pastor Fábio Pinto, de Limeira, ajuda com alimentação das crianças um vez por semana. Fazemos a prestação de conta todos os meses e mandamos os relatórios para as pessoas que nos ajudam.

Jornal Pires Rural: Onde você percebeu que o trabalho missionário se modernizou com o tempo ?

Eduardo: A modernização aconteceu no sentido da divulgação, todos temos acesso a internet, mandamos mensagem, fazemos lives, WhatsApp, fotos e vídeos feitos com o smartphone que muitos tem acesso e isso tudo em tempo real. Antigamente era na base da carta, eu mandei muita carta para divulgar o trabalho quando eu comecei. Vejo que hoje, o trabalho missionário se modernizou nessa área. 

Eduardo se qualificou como técnico de futebol para treinar as crianças

Jornal Pires Rural: Quando sabemos que o trabalho missionário está tendo êxitos ?

Eduardo: Está tendo êxito quando vemos os frutos. Vemos o trabalho desenvolver, as crianças com o reforço escolar, os pais e as crianças que vem para o discipulado. A adesão de crianças no culto do domingo, a quantidade que aparece é certa, entre cem a cento e vinte crianças. O compromisso dos professores voluntários. Esses são os frutos que vemos e o trabalho tem dado resultado, as pessoas tem chegado a Deus, largado aquela vida e chegado a Deus.

Apesar do ser humano dar exemplos lamentáveis, fazer acepção de pessoas, viver na dicotomia “nós contra vocês”, alimentar o ódio, inclusive, pelo apoio político e financiamento do Estado. O amor pelas almas é o princípio de um missionário? 

Sim, o amor pela alma é o princípio de um missionário. É essa chama que arde em meu coração. Sempre ardeu, quando eu era menor os cultos sobre missões na minha igreja sempre tinha essa chama em meu coração pelas almas. Eu ia às favelas em Salvador, falar com os traficantes, era conhecido como Bíblia, comprei e entreguei muita Bíblia. Meu salário todinho eu comprava Bíblias, saia com caixas distribuindo para os missionários, feiticeiros, macumbeiros, homossexuais. Tenho certeza que o amor pelas almas é o princípio de um missionário.  

Jornal Pires Rural: Como suplantar a “pobreza de espírito”?

Eduardo: A única forma que nós temos é se apegar a Deus. Se o Homem não se achegar a Deus, realmente ele vai ser pobre, vazio, triste, um Homem amargurado, sem Deus, procurando a verdade, a realização ou a felicidade em coisas ou pessoas. Então, a única forma do ser humano suplantar a pobreza de espírito é em Deus.

Jornal Pires Rural: Você tem algum versículo que lhe acompanha? 

Eduardo: Josué 1:9 – “Não fui eu que ordenei a você? Seja forte e corajoso! Não se apavore nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar”.

Jornal Pires Rural: A tua experiência aqui em Salvador, nas favelas como citou, facilitou o seu projeto aí com essa população carente?

Eduardo: Sim, facilitou porque com a experiência adquirida no Brasil consegui trabalhar aqui, apesar do trabalho ser totalmente diferente do Brasil. É diferente porque a comunidade que eu trabalhei no Brasil tem outra cultura, todos falam português, sabemos onde tem medicamentos, hospitais, onde pedir ajuda. Aqui é um outro continente, falam 19 idiomas, não conheço todo mundo, não sei onde tem tudo, não tenho todas respostas para as necessidades que eles precisam diariamente.

Jornal Pires Rural: Esse projeto foi uma ideia sua ou é formatado pela JOCUM? 

Eduardo: O projeto foi ideia minha e do missionário Robson, aqui trabalhamos juntos. Somos da JOCUM, mas o projeto não é da JOCUM. Cada missionário tem a livre e espontânea liberdade de iniciar o seu projeto. Seguimos as regras impostas pela JOCUM, temos a liderança aqui, tem a liderança geral da JOCUM, existem os Elders, que são abaixo desses lideres, além dos lideres de círculos, que são os grupos menores. Pela parceria com a JOCUM recebemos equipes de estudantes para desenvolver a prática de seus cursos aqui.

O trajeto de um refugiado

“Tem uma história que aconteceu conosco em Moçambique. Quando estávamos desenvolvendo um trabalho social por lá, eu estava na rua da capital, Maputo, e apareceu um garoto de 12 anos e contou sua história. Falava muito do Brasil, que conhecia o Brasil, já tinha vindo ao Brasil e a mãe dele era brasileira e o pai africano. Disse que um belo dia ele estava num morro do Rio de Janeiro e veio um traficante com uma mala e colocou uma mochila nas costas dele, com passaporte, pegaram um avião e vieram os dois para a África, para Moçambique. O traficante abandonou o garoto, levou o passaporte dele e a mochila que estava cheia de drogas. Era uma conversa muito contraditória desse menino e ele nos pediu para levá-lo para a África do Sul. Por que para a África do Sul? Porque ela é muito mais desenvolvida, tem muito ouro, muito diamante. Eu falei para o garoto que não poderia levá-lo porque eu não tenho sua guarda, não tenho sua documentação, como vou passar na fronteira? 

— Mas se um dia, por um acaso, você aparecer na África do Sul, esse aqui é meu número de telefone. Eu disse ao garoto aí, viemos embora. 

Aconteceu que esse garoto conheceu um paquistanês, pagou para esse paquistanês deixá-lo entrar atrás do carro, num compartimento secreto, embaixo do banco e passaram a fronteira com a África do Sul. Aí, começou a trajetória, pegando carona até chegar na Cidade do Cabo. Existe uma casa a qual chamamos Escape House; é uma casa secreta, onde poucas pessoas sabem o que ali funciona e onde fica, porque, quando chegam mulheres que são vítimas do tráfico sexual, a polícia e o governo nos chamam para dar abrigo a essas mulheres ou crianças. Nós acolhemos e damos todo tipo de cuidado, na área espiritual, na área social, até conseguir achar a família ou deportar cada um deles. Aí, recebemos uma ligação de um missionária da Alemanha, ela falava espanhol e nos disse; “vocês podem vir ao meu encontro? Eu preciso que vocês me ajudem em uma tradução, porque tem um menino aqui”. Aconteceu, que quando nós chegamos no local marcado para o encontro o menino viu eu e o Robson, e já saiu correndo para nos abraçar e nos chamava; “Duuuu!!! Robson!!!”. Porque ele nos reconheceu. Com isso, começou um grande processo em relação a ele. A casa, Escape House, não tem capacidade de abrigar meninos, apenas mulheres e crianças, porém a Justiça da África do Sul, deixou ele lá por um tempo. Reunimo-nos algumas vezes com os comissários de justiça e, foi que determinaram que ele deveria ir para um orfanato, de segurança máxima. Ele não se adaptou mas, teve que ficar lá, sempre visitávamos. Nesse período de tempo, muita gente procurando os familiares dele, não achava ninguém no Brasil de onde ele falava. Quando ele estava prestes a completar 18 anos foi transferido de orfanato e, quando completou 18 anos saiu do orfanato e, foi tocar a vida. Os refugiados vêem para a África do Sul, aparentemente, achando que a vida aqui é bem melhor do que onde estão. Aqui tem muito refugiado, tem muito angolano, somalianos, eles vem pra cá, ficam ilegais, sem documentação, passam a fronteira sem passaporte, eles não tem nenhum tipo de auxílio nem direito a nada no país”, revelou missionário Eduardo Menezes.

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