Antônio Bizão, engenheiro agrônomo, esteve em Campinas
Jornal Pires Rural – Edição 229 | CAMPINAS, Junho de 2019 | Ano XIII

Produzir mais, diminuindo custos com insumos, já é realidade no centro-oeste do Brasil. Desde o pequeno ao grande produtor, estão utilizando agrominerais regionais (silicáticos e fosfáticos), também chamados de ‘pó de rochas’. Com essa atitude os agricultores já perceberam redução de custos de 30% em relação ao manejo convencional. Antônio Bizão, engenheiro agrônomo, com 20 anos de pesquisa em rochagem, esteve em Campinas para debater esse tema, “a nossa proposta de alimentar nossas plantas com pó de rocha, é fornecer para a minha planta, um insumo que eu posso ingerir”, destacou. Saiba mais

Antônio Bizão, engenheiro agrônomo, com 20 anos de pesquisa em rochagem
Antônio Bizão, engenheiro agrônomo, com 20 anos de pesquisa em rochagem

Produzir mais, diminuindo custos com insumos é um conceito usado principalmente no centro-oeste do Brasil, revelando uma nova maneira de fazer agricultura e reduzir a dependência das empresas multinacionais do agronegócio. Desde o pequeno ao grande produtor do centro-oeste, estão utilizando agrominerais regionais (silicáticos e fosfáticos), também chamados de ‘pó de rochas’. Essa atitude está diminuindo consideravelmente os custos de produção. Os agricultores que iniciaram esse manejo já perceberam redução de custos de 30% em relação ao manejo convencional.

Para debater esse tema, Campinas, SP, recebeu o primeiro encontro de Agricultura Sustentável, trazendo nomes de relevância, como Antônio Alexandre Bizão, engenheiro agrônomo, formado pela Universidade Federal de Viçosa com 20 anos de pesquisa em rochagem. O evento foi realizado em 13 de abril, no Teatro IMA Campinas.

Antônio Bizão reafirmou a importância da ampliação da discussão sobre a agricultura e uso do pó de rocha a partir de sua experiência com os agricultores de diversas regiões do Brasil. Atualmente ele presta consultoria para o Calcário Cruzeiro, em Limeira, onde elaboraram novos produtos advindo da mineração, misturando vários tipos de rochas, tirados da mesma pedreira.

Em sua fala, Bizão detalhou que o uso de pó de rocha, historicamente, teve seu registro por volta de 1893 com a publicação do livro de Julius Hensel, na Alemanha, chamado ‘Pães de Pedra’ (Brot aus Steinen, durch mineralische Dungung der Felder –  Julius Hensel – Leipzig, 1898). “Antes do advento da indústria química, era fazer a agricultura com a rochagem, portanto, nosso livro, texto básico, foi editado em 1893. Quando Julius Hensel publicou o livro ‘Pães de Pedra’, foi lhe perguntado o que se conseguirá ao fertilizar com as farinhas de pedra, ele respondeu: ‘fazer que novamente colheremos cereais e forragens sãs, e, desta maneira, prevenir epidemias e enfermidades entre homens e animais’, e acrescentou, ‘diminuir o uso de fertilizantes químicos que, em parte, são prejudiciais ou inúteis’”, citou Bizão.

Discorrendo a palestra com exemplos de campo vivenciado por suas andanças, “tenho visto hoje, nas visitas que realizo, o pessoal da cana de açúcar falando em mais adubo, mais adubo, mais adubo. Pergunto se estão conseguindo ter o retorno na produção, com quantidade que estão investido, só ouço: não. Cada vez mais os canaviais estão desvitalizados e cada vez menos colheita. Os canaviais estão totalmente desequilibrados, não pela falta mas, pelo excesso de fertilizante. Solução? Está nos exemplos que pararam de usar os adubos químicos, e trocaram pelo pó de rocha, esses chegam a produzir mais”, frisou.

Durante a palestra o agrônomo mostrou uma foto com a frase: ficou fácil produzir soja. Difícil ficou: ganhar dinheiro produzindo a soja’, dizendo que foi um professor da ULBRA (Instituto Luterano de Ensino Superior) de Itumbiara, GO, se manifestando recentemente, sobre o tema. Para explicar com é a composição e conceito do pó de rocha, Bizão cita o sistema terrestre e sua combinação dos elementos naturais, de modo que um interfere sobre o outro. Exemplo: a água das chuvas altera o relevo, que altera a composição da superfície e, influencia o clima, e assim sucessivamente. “Interagindo entre si estão a litosfera, a atmosfera, a hidrosfera que fez a transformação dos minerais. Com o surgimento da biosfera tivemos condição de gerar a pedosfera. A pedosfera possibilitou o surgimento da vida das plantas superiores e a alimentação dos animais e dos seres humanos. Acontece que o intemperismo foi muito intenso, então, a litosfera foi sendo consumida com o tempo. Hoje, o nosso trabalho com a rochagem é recuperar a litosfera para que ela entre novamente no sistema e ele volte a funcionar. Quando coloco uma semente em contato com o pó de rocha, o que acontece ? A semente é despertada e os genes são estimulados, mudam completamente, quando sentem a presença geológica do pó de rocha. Os genes que tinham parado de funcionar tem seu processo fisiológico ativado e despertado na relação raiz/ramo. A planta sente a energia vital que pulsa dentro do pó de rocha e desperta o gene do sistema radicular da planta”, explicou.

Plantio de milho direto no pó de rocha; as espigas ficaram secas e a planta permaneceu verde.

Tudo é pó de pedra

“Pra chegarmos até aqui, tivemos muitos dias de pesquisas e muitas noites mal dormidas mas, a coisa não é tão simples, devemos estar atentos. Cadê bismuto, o cadimo, o arsênio e o mercúrio? Eles também estão guardados nas rochas, temos que tomar cuidado com pó de rocha contaminado? Como produtores, qual a nossa responsabilidade no processo? Temos a proposta de produzir alimentos sãos, produzir alimentos que geram vida e não que geram morte. É necessário pesquisas, não podemos pegar qualquer coisa de qualquer maneira e aplicar no solo. Quando usamos o pó de rocha a planta reorganiza os metabólicos dentro dela tendo uma produção totalmente diferente”, advertiu. 

Consultoria

“Fui convidado para prestar uma consultoria, aqui no estado de São Paulo, para a mineração Calcário Cruzeiro. Estamos tendo a oportunidade de conduzir um trabalho magnifico em Limeira, porque encontramos uma situação privilegiada. Nesses anos atuando no setor de rochagem, temos grande dificuldade em convencer o dono de uma pedreira que ele vai ter outro cliente, não vai ser mais as construtoras, será o agricultor que estará comprando a matéria-prima para aplicar no solo e que o produto da agricultura precisa levar em conta diversos padrões. O princípio do trabalho da Calcário Cruzeiro é desenvolver produtos para a agricultura. Estão há 66 anos produzindo calcário. Quando eu cheguei para avaliar o Basalto que eles tinham na pedreira, comecei a analisar outros materiais e pude constatar que dentro da mina existem 5 formações geológicas distintas. Disso, nós conseguimos tirar um blend (composto), misturando vários tipos de rochas e chegamos no remineralizador MR4, um fertilizante de origem natural, produzido com rochas silicáticas, que fornecem componentes essenciais para o solo e para as plantas. Dentre seus benefícios posso destacar o alto teor de silício, reposição de nutrientes em solos fracos e empobrecidos, isso vai reestruturar o solo, melhorando a qualidade do oxigênio no seu interior. O MR4 aumenta o poder de germinação das sementes, como já citei e, melhora o desenvolvimento das raízes e a parte aérea das plantas. O remineralizador tem efeito residual prolongado, maior resistência das plantas ao estresse hídrico, ajuda a liberar o fósforo retido no solo e vale dizer que, usando o remineralizador você vai reduzir os custos com fertilizantes químicos, podendo até substituí-los”, destacou Bizão.

Com o trabalho de consultoria Antônio Bizão viu o potencial em um outro produto que desempenha um papel importante no processo metabólico da planta, que também é extraído das misturas das formações geológicas da mina no Calcário Cruzeiro. “Foi desenvolvido o HS Foliar, além do aumento da resistência celular física da planta, diminuindo a transpiração e a perda de água, o HS Foliar age como um protetor solar, isso também protege a entrada de doenças, bactérias, fungos e insetos. Na pulverização o HS Foliar atua entre a película e a epiderme da planta, criando uma camada de proteção, deixando o caule a casca mais firmes e flexíveis, aumentando a pós-colheita do alimento. Você vai notar acentuada coloração e sabor dos frutos, assim como o peso maior e melhor sanidade dos vegetais e frutos”, evidenciou o agrônomo.

Antônio Bizão em suas andanças num pomar em Limeira
Antônio Bizão em suas andanças num pomar em Limeira

Fabricar o alimento

Pra finalizar sua palestra Bizão questiona: “o que nós comemos ontem e o que vamos comer amanhã? O que nós estamos dando para nossas plantas fabricar o alimento que vamos comer? Não estou exagerando quando digo que estamos conduzindo um trabalho magnifico com o uso do pó de rocha, pois, Visualizem uma pessoa aplicando agrotóxicos. Pensem na touca, jaleco, calça, luvas, botas, viseira, bomba, etc. Tudo isso para aplicar um veneno numa roça de tomate, alimento que ele vai colocar na mesa pro filho comer. A nossa proposta de alimentar nossas plantas com pó de rocha, é fornecer para a minha planta, um insumo que eu posso ingerir. Usar uma parafernália para me defender do produto químico que eu vou colocar na planta que depois eu vou comer. Isso é um negócio muito maluco, não é? Enquanto que a nossa proposta, do pó de rocha, é colocar na minha planta, no meu cultivo, um insumo que eu também posso ingerir, porque eu tenho certeza de que não vai me fazer mal. O que vai acontecer com isso? Qual vai ser a qualidade biológica de uma cultura que recebeu um insumo, um produto que eu posso ingerir? Essa é a diferença. Saúde a todos!!”, Bizão encerrou, ingerindo certa quantia de água misturada ao pó de rocha, para mostrar a segurança do remineralizador como um fertilizante de origem natural.

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