Jornal Pires Rural – Edição 233 | PIRACICABA, Outubro de 2019 | Ano XIV

Gilmar Ogawa, ex-coronel da Polícia Militar, esteve na Esalshow – Fórum de Inovação para o Agronegócio Sustentável apresentando a mensagem do presidente da FAESP (Federação de Agricultores do Estado de São Paulo), Dr. Fábio de Salles Meirelles: “Políticas Públicas efetivas para a segurança no meio rural. O ex-coronel, a mando do presidente da FAESP, é representante dos produtores rurais através da FAESP/SENAR em diversos conselhos federais das áreas de meio ambiente, recursos hídricos, energia e segurança. 

Segundo Ogawa, “a Faesp está muito preocupada com a segurança no campo, isso é fundamental porque o produtor rural tem que ter tranquilidade para trabalhar e a agricultura é extremamente importante pois, o setor faz parte da história das famílias brasileiras. As exigências para o produtor rural são muitas e, o pessoal da roça espera que não seja assaltado e não quer que o produto do seu trabalho seja levado embora portanto, os municípios podem contribuir para a segurança na área rural”, apontou. 

Quais são os fatores que contribuem para a insegurança de quem está no campo? 

A agricultura brasileira tem históricos de que os agricultores se reúnem, desde sempre, para discutir os seus problemas e achar soluções mas, as discussões não era organizadas com as entidades representativas do assunto discutido.

Cel. Ogawa aponta a falta de informação dos agricultores para que possam se fazer ouvidos pelo poder público, “porque o produtor não ser considerado “um reclamão”,  ele tem as suas razões. E a demora em realizar as ocorrências policiais, e isso acontece porque há falta de efetivo para atuar na área rural e o produtor tem medo de represália e vingança”, explicou.

O ex-coronel citou os equipamentos de uma política pública ideal para a segurança rural e também para suprir a deficiência no número do efetivo, para viabilizar o patrulhamento na área rural, com viaturas, rádios, armamentos, GPS, drones, rádio comunicação e telefonia celular. “A proposta poderia ser reservar um efetivo para os órgãos de execução, só os batalhões (responsáveis) com área rural. Daria algo entre 54 batalhões, com efetivo de 150 homens, um total 8100 homens. Cabe lembrar, que hoje, a polícia, por causa da Secretaria de Segurança Pública, tem 25 mil pessoas para cobrir os cargos (incluindo) da Polícia Civil, Militar e Científico. Temos que ter renovação regular da frota (de viaturas) a cada dois anos e, eu sugiro que já venha com um plano de manutenção do efetivo até 150 mil quilômetros, para as viaturas não quebrarem”, afirmou. 

Ogawa traz a proposta de ter conselhos de segurança exclusivos para a área rural. “Temos que ter uma efetiva integração dos vários órgãos do estado, do governo municipal e federal; que sobreviva sob as mudanças de governo porque se trata da segurança das pessoas. Nós temos que ter metodologias que evoluam e se aprimorem para que o policiamento preventivo que ocorra na área rural seja bom. O que você prefere? Ser assaltado e o bandido ser preso rapidamente pela polícia ou não ser assaltado porque o policiamento preventivo estava lá e inibiu a ação do bandido. Qual é a melhor alternativa? Pra isso o preventivo tem que ter recursos humanos e materiais. Então, nós temos que também passar a orientação para o produtor rural para que ele entenda como funciona a bandidagem na sua região”, destacou. 

A segurança rural envolve também o policiamento rodoviário e ambiental como policiamento complementar. “Mas, para que o plano de segurança rural aconteça é importante que o produtor rural saiba a localização geográfica da sua propriedade. 56% deles, nem sabem as coordenadas que tem que apontar para o policial chegar até a sua porteira, na propriedade. A atuação integrada com a Polícia Rodoviária e Federal ajuda muito, porque o bandido vai chegar na propriedade através de estradas”, lembrou. 

Integração

Segundo Ogawa, as instituições podem fazer a sua parte para contribuir pela segurança rural. O Poder Judiciário e o Ministério Público pode ajudar muito para que o agricultor perca a sensação de impunidade. A prefeitura tem que fazer a sua parte mantendo as ruas iluminadas, fazendo a manutenção de estradas, para que a viatura possa chegar com tranquilidade e dar apoio com a Guarda Municipal, e se possível sistema de telecom na área rural. “Como vamos fazer tudo acontecer, com o uso da tecnologia, se não tem sinal de internet?”, questionou.

Ogawa alerta que “a estrutura das delegacias de polícia devem funcionar 24 horas, pois, quando não fica aberta ao público à noite, a viatura tem que se deslocar 60 km para levar o boletim de ocorrência, numa delegacia que esteja aberta, nesse tempo fica sem patrulhar”. 

Ele observa também, “a comunicação pode ser fortalecida através da valorização das entidades representativas como os sindicatos rurais e as cooperativas pra ajudar nesse processo de fortalecimento da segurança rural. As medidas de precaução e prevenção aos crimes e a orientação das pessoas sobre o assunto podem ser feitas com a parceria das rádios e das mídias sociais para difundir as informações. A confecção de cartilhas orientativas é uma ferramenta com dicas de como o agricultor deve se previnir contra a ação dos bandidos, porque o bandido gosta de uma atividade lucrativa e sem risco”. 

Coronel Ogawa mostra dados de uma pesquisa de campo realizada pela Faesp, sobre a segurança rural, onde trazem as respostas dos resultados nos anos de 2010 e 2019, comparativamente, quando foram aplicados a pesquisa. Os dados vão servir de base para propostas de políticas públicas e pressionar os órgãos de segurança para tratar o morador da área rural de forma diferenciada. A pesquisa também foi aplicada por e-mail e celular. 

Gilmar Ogawa, ex-coronel da Polícia Militar, é representante dos produtores rurais através da FAESP – SENAR

Pesquisa de Campo

Você reside na propriedade rural? Em 2010, 86,6% responderam que não. Em 2019, 39% responderam que sim, 61% não reside. 

Você tem acesso a telefonia? Em 2010: 73% dos produtores rurais faziam uso do celular. Em 2019 aumentou para 75% e diversificou um pouco – 42% têm internet na propriedade.

O que você tem perto da sua propriedade? Em 2019, 57% tinha alguma instituição e 43% não. Em 2019, o que está perto da propriedade são as igrejas com 49%. 

Você já sofreu algum tipo de violência? Em 2010, 66% respondeu sim. E, 20% respondeu não. Em 2019, 58% disse que sim. Melhorou um pouco? Melhorou a atuação da Polícia Militar.

Quando você é assaltado você gera um boletim de ocorrência (B.O.)? Disseram não acreditar muito na polícia e ter medo de represália. Em 2019, acrescentaram mais dois ítens: desconhecimento do serviço de boletim de ocorrência, dificuldades de contato com a polícia, medo de represália e descrédito na polícia. 

E quando você não reclama na polícia onde você vai reclamar? Responderam que vão até o sindicato rural o qual serve como uma caixa de ressonância então, a entidade tem potencial pra ajudar nas políticas públicas.

Você conhece o Conselho de Segurança Rural? Em 2010 responderam: 40% Sim e Não 40%. Nem sabe o que é 20%. Em 2019: 86% dos entrevistados não sabem o que é um conselho de segurança rural.

Você gostaria de um conselho de segurança rural? Responderam sim 76% dos entrevistados.

Você apoia a parceria entre vizinhos? Responderam sim 93% dos entrevistados.

Você apoia identificação das propriedades com placas? Responderam sim 93% dos entrevistados.

Você apoia o Grupo de WhatsApp como ferramenta na prevenção da segurança rural? Responderam sim 88% dos entrevistados.

Clique e assista a palestra do ex-Cel. PM Ogawa

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