Os sistemas produtivos na agropecuária brasileira evoluíram de forma rápida e consistente nas últimas décadas. Todavia, embora as novas técnicas agrícolas propiciem ferramentas para que os produtores rurais atinjam patamares de produtividade impensáveis há anos atrás, observamos que práticas agrícolas tradicionais e consolidadas, muitas vezes são deixadas para trás e ignoradas. Em busca da melhor semente modificada geneticamente, do moderno adubo revestido com polímeros contra perdas no solo ou do maquinário agrícola de ponta equipado com sistemas de georeferenciamento, muitas vezes o produtor rural deixa de fazer o “feijão com arroz” bem feito. Nesse contexto, associo o “feijão com arroz” a duas práticas corretivas e condicionantes de solo: a calagem e a gessagem. Da mesma forma que não devemos construir uma casa sem antes fazer um alicerce sólido e seguro, e somente depois edificarmos as paredes e o teto; num sistema produtivo agropecuário não há como fazer o plantio e os demais tratos culturais sem antes se aplicar o calcário e o gesso nos solos que precisem destes importantes insumos (mediante a análise de solo). E como a grande maioria dos solos brasileiros apresenta algum grau de acidez (que inibe o desenvolvimento das raízes que, por sua vez, são as bocas das plantas), elevados índices de alumínio (elemento extremamente tóxico às raízes) e baixos níveis de cálcio (nutriente essencial para as plantas e que funciona como um ímã que atrai as raízes levando ao seu desenvolvimento em profundidade), calcário e gesso tornam-se essenciais: o alicerce sólido e seguro de um sistema produtivo agropecuário.
Para ilustrar a associação do calcário e do gesso com o “feijão com arroz” que foi feita nos parágrafos anteriores, torna-se interessante uma breve análise do trabalho desenvolvido por R. Otto em 2015 e divulgado pelo GAPE (Grupo de Apoio à Pesquisa e Extenção) da Esalq/USP e apresentado no gráfico abaixo:

Trabalho desenvolvido por R. Otto, analisando que calcário e gesso tem o potencial de elevar a produtividade dos canaviais

Através do gráfico que enumera fatores que tem o potencial de elevar a produtividade em canaviais, percebemos que o uso do calcário na implantação dos canaviais tem potencial para elevar a produtividade em 26%. Já o uso de gesso na implantação do canavial combinado com a aplicação de enxofre na soqueira tem potencial de elevar a produtividade em 19%. Somados, calcário e gesso tem o potencial de elevar a produtividade dos canaviais em 45%. Note-se que o uso correto de calcário e gesso, nosso “feijão com arroz”, tem o potencial de elevar a produtividade em quase 50%!!!
E por que isso? Vale lembrar que o calcário, além de corrigir a acidez do solo, apresenta um importante efeito fertilizante, fornecendo cálcio e magnésio (outro elemento essencial para as plantas). Por ser menos solúvel, o calcário atua predominantemente na camada mais superficial de solo, a faixa de 0 a 20 cm. Já o gesso, por sua solubilidade maior, tem atuação na camada de solo de 20 a 40 cm, neutralizando o alumínio tóxico e fornecendo cálcio e enxofre em profundidade. Calcário e gesso se complementam tanto nutricionalmente, fornecendo 3 macronutrientes essenciais para as plantas (cálcio, magnésio e enxofre), quanto em correção da acidez do solo (somente o calcário) e neutralização do alumínio (calcário em superfície e gesso em profundidade). É devido a essa atuação conjunta, corrigindo e condicionando o solo em superfície e profundidade e fornecendo macronutrientes para o solo e para as plantas, que calcário e gesso apresentam o elevado potencial de aumentar a produtividade em todas as culturas.
Calcário e gesso podem ser aplicados tanto separadamente quanto em forma de mistura. A aplicação dos dois produtos misturados otimiza a aplicação dos produtos, tendo em vista que será feita uma única aplicação no campo para ambos os produtos, gerando uma economia significativa, pois reduz-se pela metade os custos com a aplicação dos produtos (em vez de duas aplicações, uma para calcário e outra para o gesso, teremos uma aplicação única da mistura).

Ensaio de plantas com aplicação de calcário; a diferença entre aplicar e não aplicar calcário

Nesse sentido, a região de Limeira é privilegiada por contar com uma das empresas de calcário mais tradicionais do Estado de São Paulo, que se preocupa com a qualidade de seus produtos e incorporou o gesso agrícola na sua linha de produtos, possibilitando acesso ao gesso e economia aos pequenos, médios e grandes produtores da região e também de boa parte do estado de SP, que podem adquirir o produto em cargas fracionadas em caminhões de qualquer tamanho.
O acesso fácil aos seus produtos de qualidade, com fretes regionais mais baratos, gera uma grande economia ao produtor rural, tanto em relação ao calcário, quanto em relação ao gesso vendido a granel.
Uma coisa é certa, não se faz agricultura e pecuária em nossa região sem o uso combinado de calcário e gesso, o nosso “feijão com arroz”, que é o alicerce de todos os sistemas produtivos agropecuários.

Eng. Agrônomo Júlio César Assad de Mello é formado pela Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da UNESP/Campus de Botucatu. É Mestre em Agricultura pela mesma Instituição de Ensino e atua há mais de 20 anos na área agronômica com foco em Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas.

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