A turbulência na ordem mundial causada pela invasão da Rússia em território da Ucrânia respingou no Brasil devido nossa grande dependência na importação de fertilizantes químicos; compramos mais de 90% do potássio consumido aqui, sendo que 30% desse produto vêm da Rússia. O obvio parecia acontecer; foi ordenada pelo Kremlin, sede do poder da russo, a suspensão da entrega do fertilizante cloreto de potássio, originário da Rússia e, o fato de que isso comprometerá nossa produtividade agrícola. 

Entretanto, a solução para substituir os fertilizantes químicos e driblar a possível escassez na importação desses produtos, pode estar dentro do próprio Brasil, um desses materiais é o pó que vem das rochas.

Desde 1953, a empresa de mineração Calcário Cruzeiro está em Limeira (SP), fornecendo produtos para a agricultura, registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), além de oferecer outras matérias-prima para o mercado de cerâmica e construção civil. A empresa de mineração já explora rochas que servem como remineralizadores de solos. Chamado de MR4, o pó de rocha Calcário Cruzeiro, é um composto de rochas moídas que, quando acrescentadas ao solo, funciona como fertilizante, ou seja, oferece nutrição às plantas. 

Entrevistamos Cristiano Silvestre, gerente comercial com especificação em solos e nutrição de plantas da empresa de mineração Calcário Cruzeiro, para esclarecer os benefícios do uso do pó de rocha MR4, a solução para o produtor garantir a produção de alimentos e ainda, ficar independente da oferta dos produtos NPK, pagos em dólares. Acompanhe;

Jornal Pires Rural: Nos explique o que é o MR4, os beneficios, como e onde ele pode ser usado?

Cristiano Silvestre: O MR4 é um pó de rocha composto por 4 rochas diferentes, para ser utilizado na agricultura como fonte de ácidos húmicos e ácidos fúlvicos, carbono orgânico, silício, cálcio, magnésio, potássio, enxofre, fósforo e mais de 40 micronutrientes.

Ele é indicado como fonte de nutrientes para as plantas, porém, não como um adubo químico e sim um adubo mineral, usado sozinho ou conjugados com os fertilizantes químicos.

Jornal Pires Rural: Estamos recebendo notícias de que o conflito no Leste europeu, entre Russia e Ucrânia pode afetar o abastecimento de insumos para uso na agricultura. O uso da adubação com o MR4, num momento de escassez, substitui o uso de fertilizantes importados?

Cristiano Silvestre: Sim, o MR4 pode substituir parcialmente e, em alguns casos, totalmente o fertilizante químico importado. Isso foi constatado através de avaliações por técnicos especializados em agricultura, além de que, o pó de rocha deve contribuir para a emancipação do Brasil no que se diz respeito aos fertilizantes. O uso do pó de rocha na agricultura em conjunto com os biológicos, manejo adequado e corretivos na lavoura, passam a fazer uma agricultura de processo e não uma agricultura de um único produto. 

Os fertilizantes químicos, em sua maioria, são rochas moídas e atacadas quimicamente para concentrar os elementos e assim, economizar grandes quantias em frete, afinal os fertilizantes químicos vêm de locais distantes, sendo transportados por navios, trens e caminhões. Quando falamos em pó de rocha, não há essa concentração química e, se faz necessário utilizar e transportar maiores volumes.

Jornal Pires Rural: O tipo de adubação com o MR4 complementa o trato cultural ao utilizar o NPK (nitrogênio-fósforo-potássio)? Qual o resultado de sua eficiência analisada até o momento?

Cristiano Silvestre: O MR4 proporciona maior desenvolvimento das plantas, maior sistema radicular, protegendo contra escassez hídrica. Como é rico em silício trás maior proteção para as plantas contra fungos, insetos mastigadores, evita a perda de água por transpiração, contribui com maior flexibilidade das folhas e frutos. 

Normalmente não tratamos as plantas apenas com NPK e sim com um grande número de nutrientes que, por sua vez estavam sendo deixados para trás. Dessa forma, passamos a produzir frutos mais completos, com maior benefício nutricional, ganho de produção, ganho de densidade e que duram mais tempo nas prateleiras dos supermercados e nas nossas geladeiras. Não podemos esquecer dos benefícios para a produção animal, como melhoria nas pastagens e a produção de uma silagem com melhor qualidade.

Jornal Pires Rural: Podemos falar em custo-benefício na aplicação do MR4?

Cristiano Silvestre: Como dito anteriormente, o pó de rocha é um produto tupiniquim, puramente brasileiro, não percorrem grandes distância de navios, trazendo grande economia.

Quando tratamos uma lavoura com o sistema do pó de rocha, se cria um ambiente favorável para as plantas, diminuindo o uso excessivo de defensivos, entre outros. Um exemplo, os agricultores gastam grandes quantias para corrigir o pH do solo e elevá-lo para aproximadamente 5,5%, depois aplicam produtos químicos que tem pH de 2 a 3%, tornando-se até uma incoerência.

Atualmente, o preço de uma tonelada de fertilizante importado é suficiente para comprar aproximadamente duas carretas de pó de rocha MR4, é só por na ponta do lápis.

Se fossemos comprar no mercado todos os elementos que temos no MR4, como já citado, o seu valor seria, em torno de, sete vezes maior que o preço vendido na mina, em Limeira.

Hoje, fala-se muito na aplicação e uso do pó de rocha mas, vale salientar que nem toda rocha é benéfica. São necessários muitos estudos e análises laboratoriais para detectar as rochas viáveis para o uso agrícola. Nessas rochas estão armazenados todos es elementos químicos — aqueles estudados na tabela periódica —, tanto benéficos quanto os nocivos à lavoura, portanto, é preciso ser cuidadoso.

Falando da mina em Limeira, existe um fato curioso, durante a mineração, em uma única frente de extração, são encontradas oito rochas diferentes. Todas foram estudadas, diante disso, foi possível compor uma mistura equilibrada e o grande diferencial é a rocha orgânica e a rocha silicatica que tem argilas 2×1, isso favorece as trocar de cargas dando maior eficiência aos fertilizantes. As substâncias húmicas contida na rocha orgânica trabalha também como um ativador biológico, trazendo grandes benefícios para o sistema.

One thought on “Fertilizante sustentável, disponível em Limeira, é a solução para diminuir a dependência dos produtos importados”

  1. Boa tarde.
    O pó de rocha MR4 , seria bem aceito nas hortas de produtos holerícolas tais como: tomate, pepino, pimentão, beringela, abóbora, frutíferas , citricas, cana de açucar, e produtos capim para silagem?
    Precusaria de usar o adubo químico como reforço? Grato.

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