Foto:Marcel Menconi/Jornal Pires Rural
Jornal Pires Rural – Edição 213 | PIRACICABA, Março de 2018 | Ano XIII

A atividade: “Construção de ninhos para Abelhas Nativas”, aconteceu no Sesc Piracicaba, dia 10 de março, trouxe conhecimento sobre a importância das abelhas, sua relação com os rios e plantas aquáticas e, a construção de ninhos para cultivá-las em casa, ministrada pela artista plástica Adriana Tiba.

Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, a grande maioria das abelhas não vive em sociedade ou em colônias com rainha e operárias. A maioria das espécies de abelhas são solitária, vivem sozinhas.
A teoria registra e revela que a partir do momento que as plantas começaram produzir flores, era necessário fazer a troca genética, o intercâmbio sexual e algum ser precisava fazer isso, foi o que aconteceu, uma coevolução de flores e insetos — esses insetos que antes não se alimentavam, não precisavam de pólen pra sobreviver, eram as vespas que se alimentavam de proteína animal, o que acontece até hoje. Buscar alimento na proteína vegetal do pólen, quem começou foram as abelhas. Então, abelhas e flores tem uma coevolução pelo menos há 120 milhões de anos. Isso é uma teoria, de que a evolução das abelhas vieram das vespas. Houve uma mudança de alimentação e as flores se beneficiaram por ganhar parceria. O papel de polinização das abelhas é importante porque com isso ganhamos as frutas e vegetais base de nossa alimentação pois, antes a polinização por conta do vento era quase uma loteria.

“As abelhas solitárias (porque não tem colmeia), uma delas é a Centris, fazem os ninhos em madeira, o ciclo de vida delas é diferente das abelhas sociais, porque uma fêmea de solitária, é responsável pela construção de seu próprio ninho para formação de suas células e depositar os ovos para dar a perpetuação e continuidade da sua espécie. As abelhas solitárias se diferem das sociais por não existir uma divisão de hierarquia (a abelha rainha, as abelhas que saem para fazer a coleta de pólen e néctar, as abelhas que constroem as células, etc). As abelhas solitárias, nascem da célula de cria já desenvolvida, pronta para a reprodução. Geralmente os machos nascem antes e as fêmeas alguns dias ou semanas depois. O macho quando nasce fica forrageando por perto onde estão as abelhas ou ainda, perto da florada, porque ele vai poder encontrar a fêmea procurando alimento. A fêmea ao nascer, já está quase desenvolvida para poder dar início à reprodução. Então, se existe uma cópula logo neste momento, acontece o acasalamento e essa fêmea tem dentro do abdômen uma espermateca que vai guardar todo esse material que pode ser pro resto da sua vida, sua prole já está garantida. Ela sai pra se alimentar um pouquinho de pólen pra desenvolver todo o aparelho digestivo e começar a procurar um local pra ficar”, destacou Adriana.

Escolha do ninho
As abelhas que procuram as madeiras para fazer o ninho, vão precisar de um orifício, elas tem algumas preferências e tamanhos de orifícios, tudo é observação. As abelhas entram num tipo de madeira que sejam mole e quase apodrecida por algum motivo, além disso é possível fazer pequenos orifícios, de variados diâmetro, em qualquer tipo de madeira e ficar observando quais serão os escolhidos pelas mais deferentes espécies de abelhas solitárias.

“A fêmea vai começar a procurar um local pra construir uma célula de cria (uma célula mesmo), fazem viagens entre visitar a flor, coletando pólen e coletando néctar, na verdade ela está coletando a reserva de alimentos pra nova cria. Então, dentro da célula ela passa um tempo fazendo um potinho, para fazê-lo precisa de outros recursos como barro (resina), ou abelhas que utilizam pedacinhos de folhas. Elas tem a capacidade de escolher se vai ser macho ou fêmea, por isso que dá pra saber que os machos nascem antes. Aí, ela fecha e os ovos ficam dentro dos ninhos e passam um tempo pra desenvolver. As abelhas tem um instinto holometábolo, fazem o ciclo completo. Tem o primeiro ovinho que quebra e sai a casquinha (uma película fininha) e aí começa desenvolver uma larva — surgem duas antenas (protuberância) que é o início do corpo da abelha e uma boca gigante (pra se alimentar daquele pólen e néctar que a mãe deixou pra desenvolver o seu organismo). Com o passar do tempo a larva vai adquirindo forma, se alimentando, até se transformar numa pupa. Nessa fase, dá pra ver as antenas, os olhos, o tórax, o abdômen, as seis patas e por último, no estágio final, se desenvolvem as asas. Quando está toda desenvolvida é uma abelha adulta”, explicou Adriana.

Características
Os olhos são compostos porque são várias lentes dentro do olho, há três olhos simples que são três pontinhos na cabeça que servem basicamente pra orientação (não é um olho ótico de visão mas, de percepção de luz) chamado ocelo. Ainda na cabeça, um par de antenas e mandíbulas. Cada família um tipo diferente, às vezes podem ter dentes porque precisam cortar folhas pra fazer os ninhos. As abelhas com dentes procuram orifícios em madeira. O tórax tem os pares de asas, uma anterior e outra posterior. As seis pernas saem do tórax e todas elas tem uma função, a maioria tem nas pernas dianteiras um tufo de pelos muito avantajados justamente pra fazer a coleta de pólen e óleo, pra depois raspar ou colocar dentro da célula de cria ou fechar o ninho e polinizar. “Você acha que a preocupação da abelha é polinizar o maracujá ou acerola pra gente comer? Acho que não. A gente se beneficia de um trabalho que ela faz pra perpetuar a sua própria espécie. Ganhamos de presente a vida”, conclui Adriana.

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