Atualmente em cartaz no centro cultural IMS em Poços de Caldas, MG, a mostra “Retratos de Limercy Forlin: um recorte na história de Poços de Caldas”. A exposição fotográfica exibe a produção do fotógrafo Limercy Forlin (1921-1986), ele foi proprietário de um importante estúdio de fotografia em Poços de Caldas, onde registrou muitos dos habitantes da cidade – políticos e figuras conhecidas da região, mas também profissionais liberais, operários e imigrantes. Foi em seu estabelecimento que muitas mulheres tiraram suas primeiras fotografias para as carteiras de trabalho. Em 2016, seus herdeiros doaram ao IMS uma grande coleção de seus negativos.

Limercy Forlin foi iniciado pelo pai na arte da fotografia e desde criança mostrava grande interesse e facilidade com a música, tocando bandolim e violino

Natural de Vargem Grande do Sul, SP, Limercy foi iniciado pelo pai na arte da fotografia e desde criança mostrava grande interesse e facilidade com a música, tocando bandolim e violino. Em 1945, Limercy Forlin, acompanhado do irmão João Forlin, mudam-se de Vargem Grande do Sul com destino a Poços de Caldas para abrir o estúdio de fotografia Foto Limercy, especializado em fotografias de estúdio e documentação de eventos. O trabalho comercial do Foto Limercy, começou um ano antes da proibição dos jogos de cassino no Brasil, era um momento que a cidade mineira iniciava uma verdadeira virada de vocação, antes estância balneária aos poucos se consolidaria como polo comercial da região, atraindo indústrias de médio e grande porte.

Em 1953, Limercy foi procurado pela estudante Zizi de Navarro Vieira que precisava de um fotógrafo para registrar a formatura de sua turma do curso de magistratura, esse encontro propiciou um namoro e, um ano depois o casamento. 

Dona Zizi Forlin começou a trabalhar com o marido, na organização e contabilidade do estúdio fotográfico. Ela aprendeu a fotografar, a retocar negativos com o uso de lápis grafite, onde também eram feitas eventuais fotopinturas, especialidade de Limercy, que teve seu momento de pintor.

Estojo de tinta para pintura. Dona Zizi Forlin trabalhava com o marido, aprendeu a fotografar, a retocar negativos com o uso de lápis grafite, onde também eram feitas eventuais fotopinturas, especialidade de Limercy, que teve seu momento de pintor

Acidental documentação

De acordo com o curador da mostra, Teodoro Stein Carvalho Dias, “uma coleção como essa só teria sentido se fosse acompanhada por um sistema de organização que possibilitasse a identificação e a localização do material arquivado: num pequeno envelope de papel de seda, eram anotados a data de aniversário, o nome e o endereço do cliente. Esse envelope recebia um primeiro negativo e era arquivado em gavetas, subdivididas e organizadas pelo mês e dia do aniversário do retratado, e também em ordem alfabética no conjunto de cada dia”.  

Durante décadas o arquivo foi cuidadosamente organizado pela esposa dona Zizi de Navarro Vieira, a principal assistente de Limercy. Supõe-se que esse arquivo tenha iniciado em 1958, ano das fotografias datadas mais antigas. Com a introdução da fotografia digital, em 2002, o arquivamento de negativos foi encerrado pela filha do fotógrafo, Márcia Forlin, que assumiu o estúdio após a morte do pai, em 1986, e o manteve em funcionamento até 2016.

Máquinas e equipamentos fotográficos usados no estúdio Foto Forlin

A exposição

O destino de tal material fotográfico organizado, dona Zizi decerto não poderia prever, antes uma estratégia comercial para tornar os negativos facilmente acessíveis para cópias, se depara com o trabalho curatorial e institucional do IMS: “um arquivo de cunho comercial converte-se em documental pelo encantamento estético, que também soube valer-se de esforços técnicos e científicos, não menos feiticeiros”.

Retratos de Limercy Forlin: um recorte na história de Poços de Caldas” reúne aproximadamente 7.500 retratos em preto e branco dos moradores da cidade mineira, produzidos por Forlin entre 1958 e 1982, além de alguns equipamentos e utensílios utilizados no estúdio pelo fotógrafo e sua esposa. Na exposição, as imagens são apresentadas seguindo a lógica de um calendário mensal, de acordo com a organização original do fotógrafo: cada foto era armazenada em um envelope, com o nome e o dia do nascimento do retratado. Os envelopes eram guardados em gavetas, subdivididas pelos meses e dias do ano, em ordem alfabética. Quando um cliente retornava para fazer um novo retrato, seu envelope era localizado pela data de aniversário, e o novo negativo era arquivado juntamente com os de fotografias anteriores. No acervo, há, assim, imagens de pessoas que Forlin retratou em momentos distintos da vida, da juventude à velhice.

As imagens são apresentadas seguindo a lógica de um calendário mensal, de acordo com a organização original do fotógrafo

IMS

Fundado em 1992 pelo embaixador e banqueiro Walther Moreira Salles (1912-2001), o Instituto Moreira Salles (IMS) é um centro cultural que promove exposições, exibição de filmes e diversas outras atividades culturais espalhado em três cidades; São Paulo, Rio de Janeiro e Poços de Caldas, MG. O IMS Poços foi o primeiro centro cultural inaugurado em agosto de 1992, escolha do próprio Walther Moreira Salles para homenagear a região onde sua família se estabeleceu em 1918. O IMS Poços é composto por um chalé centenário e um centro cultural com mais de 1000 m² de área expositiva, distribuída em dois pavimentos.

Arquivo: cada foto era armazenada em um envelope, com o nome e o dia do nascimento do retratado

Serviço

IMS Poços de Caldas – Rua Teresópolis, 90, Tel.: (35) 3722-2776. Horário de visitação: terças a domingos e feriados (exceto às segundas), das 14h às 19h. Entrada gratuita. Em cartaz de: 15/5/2021 a 6/3/2022. Não é necessário agendamento.

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