Joaquim Delgado, do bairro Barbosão, relata sobre a diminuição de água em sua propriedade

Jornal Pires Rural – Edição 234 | LIMEIRA, Novembro de 2019 | Ano XIV

Joaquim Santo Delgado, 68, morador do bairro Barbosão, próximo da divisa entre Limeira e Artur Nogueira, SP, diz que nas terras onde nasceu, a família cultivava mandioca, milho, laranja e criava gado. Hoje, segundo ele, “a laranja acabou. Plantamos um pouco de milho e mandioca, tem um pouco de horta e gado já não tem muito mais”. No sítio onde reside, de 3 alqueires, foi dividido em 3 partes e, existem 3 pequenos tanques, onde a água é “pro gasto, pra criação beber e puxar para as casas”, explica ele. “Hoje em dia, tá tudo parado, nem usamos mais. Um tanque, eu construi com a terra que tiravam pra fazer a pista Limeira-Artur Nogueira. Eles não tinham onde por, aí despejaram no meu sítio e fui empurrando com o trator e a plaina e, fiz essa represinha”, falou. Um outro tanque surgiu porque existia uma olaria nas proximidades do bairro, ele conta, “vinham buscar barro aqui. Baldeavam na carroça de burro ainda. Eu era moleque. Não tínhamos condições de pagar a máquina pra fazer, então, como tinha acabado o barro deles, eles saiam catando onde tinha. Eles cavavam e as vertentes de água iam aparecendo e enchendo a vala. Como tá parado, tenho ideia de limpar a braquiária que está crescendo e conservar. Construimos para segurar a água, acho que estávamos adivinhando que iria faltar água”, explicou.

“Hoje, se precisar, não temos água pra usar numa lavoura”, concluiu Joaquim.

A roda d’água

Joaquim também fala sobre uma roda d’água que instalaram em um reservatório da propriedade, há mais de 30 anos atrás, e recentemente a água foi diminuindo e a roda perdeu a utilidade. “Compramos em São Carlos de uma loja de tratores e implementos. Eles queriam comprar cavalinhos de mudas de laranja. Como formava aqui no sitio, aí troquei 30 mil cavalinhos pela roda d’água. Agora, ela está parada porque a água, que tem, não é suficiente. Antes a represa conservava cheia, pegando água lá da cabeceira com uma mangueira e a roda d’água mandava pra casa. Tinha até uma sobra, onde construi um tanquinho pra receber essa sobra. Mandava pouca água mas, era direto, continuo. A água abaixou, não funciona mais, de dois anos pra cá. Era mais ou menos umas 4 polegadas de água. Hoje, pra ligar água tem que usar uma bomba elétrica e só pro gasto. Se precisar, não temos água pra usar numa lavoura. Isso é a diminuição da água, de uns anos tem faltado chuva, não chove mais como antigamente. Agora pegando as chuvas aumenta um pouco mas, não como antigamente. Vai ser difícil voltar, vamos ver a hora que reflorestar, tem um projeto pra isso em volta das represas e na cabeceira, já muda de novo. Mas, a roda d’água parou, tsc, tsc, tsc não roda mais”, concluiu Joaquim.

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