Entrevistamos Lucas Silva, de Cosmópolis, ele é o ilustrador do conto “As Cores das Flores”, da autora Gerrie Schrik moradora do bairro dos Pires. Na obra Gerrie narra uma história baseada nas espécies vegetais, contanto os dilemas pela visão de uma planta, o tema principal são as queimadas e Lucas foi que fez os desenhos, ele nos falou sobre sua formação em Designer Gráfico, o desenvolvimento de seu trabalho artístico e o que a arte representa em sua vida.

“As Cores das Flores” está na programação do mês de novembro do projeto “Mundo Solidário – distantes, mas unidos!” da Secretaria de Cultura de Limeira e, foi exibido no Facebook das escolas rurais Emeief Alfredo Cristiano Stahlberg, localizada nos Frades, e Emeief Martim Lutero, no bairro dos Pires, pode ser acessado pelos links https://www.facebook.com/Emeief-Rural-Alfredo-Christiano-Stahlberg-108078734319239/; e https://pt-br.facebook.com/gerrie.schrik

Leia a entrevista a seguir;

Gervão, Serralha e Cosmos os personagens do conto “As Cores das Flores”

Jornal Pires Rural: Desde quando está na carreira de ilustrador?

Lucas Silva: Eu desenho desde pequeno mas, comecei a praticar, de fato, quando tinha uns 13 anos, fazia mais por passatempo. Durante a faculdade dei uma pausa em desenhar o tempo todo porém, usava meus conhecimentos em desenho para alguns trabalhos. Perto do final do curso eu comecei a experimentar pintar com aquarela e fui me apaixonando mais ainda por essa técnica e quando percebi estava praticando diariamente, experimentando novas técnicas e procurando trabalhar com ilustrações.

Jornal Pires Rural: Quais tipos de ilustrações você faz?

Lucas Silva: Minha preferência sempre foi por retratar pessoas, sempre gostei de ilustrar algo com o que pudesse me identificar, aquarela é o estilo que mais gosto. Recentemente comecei a pintar com tinta a óleo e tenho me interessado mais, apesar de considerar mais trabalhoso.

Lucas Silva
O ilustrador Lucas Silva – (Foto de LARESSA HUETO KÜHL)

Jornal Pires Rural: Sobre o conto “As Cores das Flores”, recebemos mensagem de nossos leitores perguntando como foi a criação dos personagens, as referência de ilustração e as técnicas que foram usadas. Acrescentando, como foi o convite para participar do projeto e o seu envolvimento?

Lucas Silva: Eu comecei a trabalhar com a Gerrie nas ilustrações para o conto “As Cores das Flores” através do Anis, meu namorado. Nós nos conhecemos pessoalmente e ela apresentou o projeto pra mim e suas ideias a respeito, conversamos bastante sobre um meio termo que ficasse bom para os dois na questão de resultados esperados do trabalho. Eu me apaixonei pela história e fiquei muito feliz de poder ilustrá-la e poder levar a uma nova geração e conscientizar sobre as plantas ao seu redor. Passei vários meses procurando referências e definindo a sensação que queria passar pelas ilustrações, um reino fantástico ao nosso redor. Ela (Gerrie) já havia me mostrado suas referências e, fui colocando as minhas em conjunto até chegar a um resultado que considera-se único. É um projeto totalmente fora da minha zona de conforto, mesmo focando em retratos de pessoas, representar plantas no papel nunca foi algo que havia feito até então, foi muito gratificante, sinto que foi essencial também para me apegar cada vez mais aos detalhes das coisas e explorar os meus limites e até mesmo me aproximar da natureza, como é a proposta geral do projeto. Estamos vendo de publicar o conto com as ilustrações em breve.

Jornal Pires Rural: O que te inspira?

Lucas Silva: A conexão que as pessoas sentem ao experienciar arte é o que mais me inspira. Sentir as coisas, processar e colocá-las para fora, sejam boas ou ruins. Eu sempre fui uma pessoa muito observadora e detalhista e, tenho buscado expor isso de maneira melhor em minha arte; é muito difícil pra mim retratar o que sinto, mas percebo que minha arte, geralmente, é onde encontro um local de paz e, geralmente, tento retratar algo com mais leveza e sutilidade. Há poucas pinturas em que sinto que tenham sido inspiradas em sentimentos extremamente melancólicos.

Jornal Pires Rural: Participa de exposições?

Lucas Silva: Eu nunca participei de exposições, sempre tive insegurança em expor meus trabalhos, felizmente estou mudando isso com o tempo e esse projeto com a Gerrie abriu um pouco as portas para isso.

Jornal Pires Rural: Qual artista é uma referência pra você?

Lucas Silva: Eu sempre adorei o Van Gogh, a maneira como ele via o mundo e reproduzia por pinturas é muito marcante e única. Alexandre Cabanel, Caravaggio, Michelangelo, todos eles sempre foram uma referência pra mim, sobre como eu quero que minha arte se torne, a maneira como eles dominam a anatomia, luz e sombra e o drama ao redor da arte, sempre foi muito encantador para mim. Roberto Ferri e Joongwon Jeong, pintores atuais, também tem sido uma referência nesse quesito.

Jornal Pires Rural: Como é assumir que você é um artista?

Lucas Silva: Até mesmo um ano atrás, mesmo fazendo trabalhos como foi “As Cores das Flores” eu não tinha essa concepção, de que queria ser um artista, no sentido de falar para o mundo “eu sou de fato um artista e quero fazer com que minha vida seja baseada nisso”. Para mim era um pensamento arriscado porque sabemos como há uma grande desvalorização da arte, não só no Brasil como em boa parte do mundo, mas é algo com o que me identifico. Não posso fugir disso, mesmo tentando e não pretendo ficar preso somente a pintura e desenho, quero muito explorar outras maneiras de arte, como a fotografia ou escultura por exemplo, assim como lidar com projetos que tenham contato com as pessoas, como foi o conto ilustrado para a Gerrie, afim de atingirmos as crianças para que entendam melhor sobre as coisas ao seu redor.

Jornal Pires Rural: Qual é o o refrão de sua arte?

Lucas Silva: “A arte existe porque a vida não basta”. Busco sempre tentar reproduzir e retratar coisas ou pessoas que vejo mas, de uma maneira mais “fantástica”.

Desenhos: "Minha preferência sempre foi por retratar pessoas, sempre gostei de ilustrar algo com o que pudesse me identificar"
Desenhos: “Minha preferência sempre foi por retratar pessoas, sempre gostei de ilustrar algo com o que pudesse me identificar”

Jornal Pires Rural: Seus elementos pictóricos mudaram com o tempo? 

Lucas Silva: A minha arte está sempre em transição, ela teve uma mudança muito brusca quando comecei a trabalhar com aquarela, mas acho que foi essencial, até então eu não gostava muito de trabalhar com cores e até mesmo detalhes e passei a me atentar mais a isso, sempre fui uma pessoa curiosa, então, creio que minha arte sempre estará passando por mudanças e técnicas novas.

Jornal Pires Rural: Assim como a terra tem um dever social, no âmbito da produção de alimentos para a sobrevivência da humanidade, em sua opinião, devemos dar esse mesmo dever a arte e ir além, ocupando o espaço público, como forma de manifestação e exposição de trabalhos artísticos ?

Lucas Silva: A arte sempre teve um papel muito importante na sociedade para conscientização, toda essa relação entre passar uma mensagem para as pessoas sempre esteve presente e deve estar presente na sociedade, é o que nos proporciona conhecimento em boa parte das experiências e nos faz questionar as coisas e considero isso muito importante.

Jornal Pires Rural: Para finalizar na espiritualidade artística, quando se deseja muito se expressar pela arte, se delira? Isso lhe causa hematomas? 

Lucas Silva: Ao contrário do que muitas pessoas pregam, pra mim a arte não deve ser algo que machuca, ela deve funcionar de maneira terapêutica, mesmo sendo intuitiva, o seu propósito é fazer com que as emoções sejam passadas, trabalhadas e dependendo do seu caso, curadas, ao invés de te machucar totalmente de maneira emocional ou fisicamente.

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