Jornal Pires Rural – Edição 217 | CORDEIRÓPOLIS, Junho de 2018 | Ano XII

O que nos parecia uma ameaça se tornou competitivo

A 40° Semana da Citricultura, junho de 2018, trouxe palestras dos mais variados temas para o setor, dentre elas “A competitividade da Citricultura de São Paulo e Flórida frente ao HLB”, exposição de Antônio Juliano Ayres, Fundecitrus.
Mesmo num ano de baixa na safra nós temos o dobro da produtividade, agora. E o que é que aconteceu com a produtividade? Poucas culturas em tão pouco tempo aumentou tanto a eficiência e a produtividade como o citros com tantos problemas. “Enfrentamos a morte súbita, a pinta preta, a leprose, o cancro; e a nossa produtividade cresceu porque o citricultor brasileiro, paulista tem a característica de ser extremamente comprometido com o que faz. O que nos parecia uma ameaça se tornou competitivo. O setor evoluiu muito em termos de conhecimento e uso da tecnologia. Esse é um outro dado muito importante com doze regiões e cinco setores”, analisou Ayres.
Os gráficos da Fundecitrus demonstram que as situações estão totalmente distintas em produtividade nas últimas quatro safras. A região noroeste onde predomina os pequenos citricultores e apresenta temperaturas mais elevadas, a produtividade média é de 531 caixas, em todos os anos a menor produtividade. Segundo Ayres, a fruta tem uma condição climática mais adversa. O sudoeste que é a região para onde a citricultura migrou, esta região praticamente não tem picos de temperatura. As únicas duas regiões onde a produtividade não caiu esse ano foi a sudoeste, onde tem uma condição climática muito pior que as demais para a Citricultura. A região centro-sul apresenta uma situação intermediário. O norte do estado é uma região um pouco adverso pois utiliza bastante irrigação. O clima é o fator número um em termos de produtividade para a citricultura, para a produtividade de café, dos grãos, portanto, o zoneamento climático norteia o produtor para saber como está plantando. Se não estiver plantando em condição adequada é necessário fazer irrigação.

“O que determinou o aumento da produtividade foram alguns controles na produção. O preparo de solo, a nutrição da planta, a mudança do sistema de produção de mudas foi fundamental. Essa migração da Citricultura para condições mais adequadas, a mudança de densidade de plantio e o manejo fitossanitário. A gente esquece que o índice da CVC, há 7 anos atrás, era de 43%. Hoje, o índice é menos de 2,6%. Houve uma revolução. A citricultura nova são de plantas sadias. O enfrentamento da CVC e ter vencido essa doença foi fundamental para aumentar a produtividade no estado de São Paulo”, descreveu Ayres.

Os dados demonstram que há quinze anos atrás na citricultura tínhamos entre 2 e 3% da área irrigada e hoje temos 30%. Um ponto muito importante foi a questão que parte da citricultura migrou pra regiões de clima mais adequado, nas regiões ao centro e ao norte a irrigação foi fundamental para que se conseguisse manter patamares de produtividade mais elevados.
“O greening é o nosso maior desafio. A doença foi detectada em 2004 com uma série de eventos alertando sobre a detecção da doença na região de Araraquara. O nosso aprendizado com os problemas do passado foi fundamental para o enfrentamento do problema. O setor se mobilizou e fomos para o enfrentamento. Porque para controlar essa doença, o tempo é fundamental. Se quiser controlar numa fase dois, não dá mais tempo de convivência — o que nos ajudou se compararmos com a Flórida. O ponto número um, quando a doença chegou foi detectado e todos os viveiros protegidos. A Flórida não agiu desta forma. Na Flórida, quem fazia o controle da doença era o estado. O produtor americano nunca havia feito o controle. Aqui, o setor teve a capacidade de agir coletivamente com a rede de pesquisa, as instruções do governo e a Fundecitrus. Ao longo de quatro anos, conseguimos gerar vários casos de sucesso, explicando porque em algumas situações o manejo funciona e em outras não é calcular o risco no controle da doença. Quando começamos não tínhamos essa certeza”, afirmou Ayres.
O greening está presente em todas as cidades do estado de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, no Paraguai, Missiones na Argentina, Colômbia, todo o Caribe. Saiu da Florida está na Califórnia.
A doença se tornou um problema mundial. Não tem na região do Mediterrâneo mas, já tem em Portugal e Espanha. “A doença cresceu e conseguimos de certa forma estabilizar num patamar alto, índice preocupante de 17% (a cada cinco plantas, uma tem greening). Outro ponto é que a planta que está doente não tem cura ou remissão dos sintomas, a tendência dos sintomas é o agravamento gradativo. Quanto mais jovem é a planta mais rápido é o processo da doença. Em 2016, quando fizemos o primeiro levantamento de queda de frutos, o patamar de queda era de 1,4%. No ano de 2017 foi de 4%. As perdas vão aumentando com o tempo, são quase 20 milhões de caixas de laranjas que no ano passado caíram em função do greening e, as frutas que ficaram no pé são menores. Essa doença já causa prejuízo acima de 6% na média, no estado de São Paulo (em outros estados ocorrem maior e menor perda)”, destacou Ayres.
Os dados do Fundecitrus revelam que entre os cinco grandes setores da região apresenta diferenças. As regiões centro-sul (onde a doença foi detectada) cresceu mais rapidamente e onde as incidências estão maiores de 32% a 24%. A região noroeste está mais distante. A sudoeste e norte são patamares bem menores, sete vezes menor que a região centro- sul. “A doença pode avançar lá? Temos duas hipóteses. Uma é a velocidade do tempo em que o greening vai abrir. A outra que é um trabalho muito forte do Fundecitrus e da Esalq que mostra que em condições de extremos de temperatura, muito alta ou muito fria, a condição não é tão propícia para o desenvolvimento do inseto e a transmissão da bactéria. Provavelmente, a observação do comportamento seja um pouco diferente como no triângulo mineiro comparado com Limeira e Araraquara, a condição mais fria não é tão favorável como a condição de temperatura intermediário ou extremos de alta temperatura. A doença vai ocorrer, está ocorrendo mas, a condição não é tão favorável para o inseto e para a bactéria. Coincidentemente, 29 mil hectares erradicados de 2015 para 2018, quase 20.000 hectares foram erradicados na região centro-sul onde a incidência e a severidade da doença é muito maior. Isso reduziu drasticamente o número de produtores nestas regiões”, exemplificou Ayres.
As pesquisas apontam que nas regiões onde a doença foi introduzida e o clima é favorável, os índices de incidência é muito maior. Nas regiões norte e sul o número vai caindo para patamares abaixo de 10% (mas esse número está crescendo). “Quando avaliamos os extremos, como Itapetininga ou triângulo mineiro, a taxa é de 2%. Os números apresentam uma lógica que é perfeitamente possível entender o comportamento dessa doença. O risco é totalmente diferente para quem está cultivando na região central e sul com os dois extremos porque, tem um inócuo muito maior nessa região, fruto do crescimento anterior da doença. Em relação às faixas etárias, a planta que está doente não deixa de estar doente. Pomares jovens (6 meses a 1ano) no patamar de 3% e os pomares acima de dez anos com patamares de 23%. Ao longo do tempo. Quando a CVC começou a cair observamos que nos extratos de 3 a 5 de 0 a 2, a doença começou cair porque a conta é do futuro. Como é que vamos fazer a curva de greening cair? Quando conseguirmos observar que nos pomares mais jovens o índice cair”, indicou Ayres.

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